Em tempos de discussão sobre a aprovação do novo Fundeb, há opiniões vindas de todos os lados acerca da educação brasileira. Quem resolveu explorar o tema também foi o ex-senador Cristovam Buarque, que já foi governador do Distrito Federal e titular da pasta, no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.
Em entrevista ao jornal Correio Braziliense na última segunda-feira, 27, ele afirmou que o governo Bolsonaro não tem a educação como prioridade, então não adianta trocar o ministro.
De acordo com Buarque, todos os demais ministros que passaram pelo MEC anteriormente – Ricardo Vélez Rodriguez, Abraham Weintreub e Carlos Alberto Decotelli – podem ser considerados “caricaturas”. Perto deles, o atual nome da pasta, o educador, pastor e advogado Milton Ribeiro.
“Quem faz a educação não é o ministro, é o presidente da República. Eu creio que o atual presidente não tem a menor sensibilidade para a educação, então não adianta mudar o ministro. Mas creio que esse será melhorzinho que os anteriores, que pareciam caricaturas. Esse não parece ser uma caricatura — é cedo para dizer —, mas ele vai ter muitas dificuldades porque o governo não tem prioridade na educação“, avaliou o ex-senador.
Para Buarque, o entra e sai de ministros mostra que há uma falta de gestão e interesse em provocar mudanças na educação do Brasil.
“É lamentável porque essa bagunça nos fez perder tempo. Primeiro na questão da pandemia, segundo, a falta de manutenção das coisas que funcionavam e, finalmente, a maior perda de tempo pra mim é que não estamos formulando a estratégia para que o Brasil saia do atraso educacional nos próximos anos. Estamos perdendo muito tempo já faz décadas, e agora mais ainda com esse governo”, disse.
Mesmo com Fundeb educação corre riscos, segundo Cristovam
Sobre o Fundeb, que expira em dezembro e terá seu novo plano discutido no Senado no mês de agosto, o ex-ministro Cristovam Buarque disse que é a não aprovação representa riscos.
Entretanto, ao mesmo tempo, mesmo que o fundo seja aprovado, a área da educação brasileira passa por sérios problemas.
“Eu tenho uma posição que não é muito popular: sem o Fundeb seria uma devastação, mas com ele ainda não é uma construção da educação que precisamos. Transformamos o Fundef em Fundeb no governo Lula, há mais de 10 anos, e isso não fez com que o Brasil fosse para os melhores do mundo, continua entre os piores”, defendeu ele na entrevista.