A gasolina impacta diretamente o rendimento de milhões de brasileiros todos os meses. Quanto mais caro estiver o combustível, mais comprometida fica a renda das famílias do país que possuem veículos. E, nas últimas semanas, os preços da gasolina dispararam nas bombas do país.
De acordo com um levantamento realizado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a gasolina acumula uma alta de 9,27% nas últimas quatro semanas, entre 19 de fevereiro e 18 de março. Esse avanço corresponde a uma alta de 47 centavos por litro.
Isso até pode parecer pouca coisa, mas vale lembrar que ninguém abastece o veículo com apenas um litro de combustível. Além disso, os motoristas do país abastecem seus veículos algumas vezes no mês, a depender do volume de uso do automóvel. Por isso, qualquer alta no preço da gasolina é tão sentida pelos consumidores.
Na internet, os usuários criticam o encarecimento do combustíveis e pedem ao governo federal que alguma providência seja tomada para reduzir os preços. No entanto, vários usuários também afirmam que os valores estavam ainda mais elevados em 2022. Afinal, a gasolina está mais cara ou mais barata em 2023?
Gasolina está mais barata no ano
Em primeiro lugar, é importante destacar que a ANP analisa os preços de mais de cinco mil postos do país. Assim, divulga semanalmente os valores médios da gasolina, do etanol hidratado e do óleo diesel, revelando também os preços em cada unidade federativa (UF).
Embora a gasolina acumule forte alta nas últimas quatro semanas, o seu valor está 23,80% menor que há um ano. Isso quer dizer que a gasolina, comercializada a R$ 5,54 na semana passada, está R$ 1,73 mais barata que em março de 2022 (R$ 7,27).
Para quem não sabe, o ex-presidente Jair Bolsonaro promoveu isenções sobre os combustíveis na metade do ano passado, com validade até 31 de dezembro. Apesar das incertezas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prorrogou a desoneração em 2023, pelo menos nos primeiros meses.
Veja abaixo as ações promovidas pelo governo Lula:
- Reduziu a zero as alíquotas dos impostos federais PIS/Pasep e Cofins que incidem sobre gasolina, álcool, querosene de aviação e gás natural veicular até 28 de fevereiro de 2023;
- Zerou a Cide, que é um imposto federal, sobre a gasolina até o dia 28 de fevereiro de 2023;
- Reduziu a zero as alíquotas dos impostos federais PIS/Pasep e Cofins que incidem sobre diesel, biodiesel, gás natural e gás de cozinha até 31 de dezembro de 2023.
Assim, a gasolina e o etanol voltaram a ter impostos cobrados sobre os preços deles. O resultado é a alta expressiva de mais de 9% em seus valores nas últimas quatro semanas. Entretanto, no acumulado de 12 meses, o saldo ainda é muito positivo para os motoristas do país.
Descubra qual local tem a gasolina mais cara
Nos últimos 12 meses, a gasolina ficou mais barata em todo o país, aliviando o bolso dos motoristas. O preço médio recuou mais expressivamente no Centro-Oeste (-25,48%), no Sudeste (-24,76%) e no Nordeste (-24,33%), enquanto as menores quedas vieram do Sul (-21,63%) e do Norte (-20,95%).
Entre as UFs, os recuos mais intensos foram registrados em Minas Gerais (-28,89%) e no Rio de Janeiro (-28,47%). Em contrapartida, as menores quedas vieram de Amazonas (-10,81%), Roraima (-14,38%), Amapá (-17,03%), Rondônia (-19,16%) e Acre (-19,59%), únicos recuos inferiores a 20%, e todos de estados da região Norte.
Coincidentemente, os quatro estados com os preços mais elevados da gasolina estão entre os que tiveram os menores recuos nacionais em 12 meses. Confira os valores médios mais altos da gasolina:
- Amazonas: R$ 6,55
- Roraima: R$ 6,08
- Acre: R$ 6,07
- Rondônia: R$ 6,00
Vale destacar que a alguns dos estados citados tiveram uma forte alta nas últimas quatro semanas. Enquanto o preço médio nacional subiu 9,27%, os avanços no Amazonas e em Rondônia chegaram a 17,38% e 15,38%, respectivamente.
Gasolina mais vantajosa que o etanol
Nos últimos 12 meses, não foi apenas a gasolina que ficou mais barata no país. Em síntese, o etanol hidratado, concorrente do combustível fóssil nas bombas, acumulou uma queda de 20,24% no período.
Apesar de ambos os combustíveis terem registrado fortes recuos em seus valores em um ano, um deles permanece mais vantajoso que o outro no país, cenário visto nos últimos meses.
Em síntese, o valor do etanol deve ser igual ou inferior a 70% do preço da gasolina para que o seu custo-benefício seja maior que o do seu concorrente nas bombas. Caso o resultado da equação supere essa marca, os motoristas devem optar pela gasolina, pois ela oferecerá um rendimento melhor ao veículo.
Na semana passada, apenas duas das 27 UFs tiveram taxas inferiores a 70%, ou seja, comercializaram o etanol com um melhor custo-benefício. Os estados foram Mato Grosso (65,8%) e Amazonas (69,5%), com taxas abaixo de 70%, o que indica mais vantagem para os motoristas que abastecem com etanol.
Em contrapartida, a gasolina foi mais vantajosa que o etanol em 25 das 27 UFs. O resultado mostra que os motoristas, no geral, devem optar pelo combustível fóssil, porque irão se beneficiar com os preços.