A Caixa Econômica Federal apresentou hoje os alarmantes resultados de inadimplência do programa de microcrédito SIM Digital, criado sob a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. De acordo com os números divulgados no balanço referente ao primeiro semestre do ano, a inadimplência atingiu um surpreendente índice de 88%, deixando claro os desafios enfrentados por esta iniciativa.
O programa, que foi projetado para estimular a inclusão financeira de microempreendedores e pessoas de baixa renda, viu suas taxas de não pagamento atingirem patamares preocupantes. Para cada R$ 100 emprestados por meio do SIM Digital, impressionantes R$ 88 não foram honrados por parte dos beneficiários. Esse cenário foi destaque no cenário econômico nacional, trazendo à tona questões sobre a viabilidade e eficácia do programa.
No ano de 2022, a Caixa Econômica Federal disponibilizou cerca de R$ 3 bilhões em empréstimos através do SIM Digital. Contudo, os números de não pagamento são igualmente expressivos, totalizando um calote de aproximadamente R$ 2,6 bilhões. Essa discrepância ressalta a dificuldade que muitos dos tomadores de empréstimos enfrentaram para honrar suas dívidas, lançando luz sobre os riscos inerentes a essa linha de crédito.
Uma das particularidades do programa era a concessão de empréstimos a indivíduos com níveis de endividamento já consideráveis, permitindo que até mesmo aqueles com até R$ 3.000 em dívidas anteriores pudessem acessar o crédito. A iniciativa, que teoricamente estava aberta para a participação de diversos bancos, viu somente a Caixa Econômica Federal se engajar efetivamente.
Diante dos números alarmantes de inadimplência registrados no programa de microcrédito SIM Digital operado pela Caixa Econômica Federal, a instituição financeira revelou que recursos provenientes do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) poderiam ser utilizados para abater até 75% das perdas decorrentes do calote.
Os números de inadimplência apresentados recentemente pela instituição são impressionantes, colocando a Caixa em uma situação delicada. Em um comparativo impactante, o programa de microcrédito do Banco do Nordeste, tradicionalmente atuante na região, registrou uma inadimplência de 5,8% no ano passado. Essa taxa, considerada negativa, foi amplamente criticada, principalmente quando comparada com a mera porcentagem de 0,8% registrada dois anos antes.
A situação do programa SIM Digital, no entanto, superou amplamente esses índices, ressaltando a complexidade do problema. A diferença entre as taxas de inadimplência revela desafios mais profundos, possivelmente associados à política de concessão de empréstimos e à segmentação do público-alvo.
Rita Serrano, que assumiu a presidência da Caixa no início do ano, revelou que solicitou uma auditoria abrangente sobre o funcionamento e os resultados dos programas microcrédito SIM Digital e consignado do Auxílio Brasil. “Os dois produtos foram criados por Medida Provisória [durante o mandato de Jair Bolsonaro] e aprovados pelo Congresso Nacional. A Caixa é operadora. Se eu fosse presidente da Caixa na época, eu não operaria os dois programas. São programas, de fato, questionáveis”, afirmou Serrano.
A atitude da presidente reflete um compromisso com a avaliação rigorosa dos programas e suas implicações. O SIM Digital, voltado para microcrédito, e o consignado do Auxílio Brasil foram alvo de intensos debates e críticas, especialmente em relação à sua eficácia na promoção da inclusão financeira e ao gerenciamento dos riscos associados.