A previsão é de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), que é considerado a inflação oficial do país, fique acima do teto de 5% em 2022. Isso é o que mostra a divulgação do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central realizada na manhã desta terça-feira (8).
A meta de inflação foi estourada pelo segundo ano consecutivo. De acordo com o BC, a inflação deverá crescer 5,4% neste ano. Na última edição da ata promovida pelo Copom,na semana passada, a taxa básica de juros da economia foi elevada de 9,25% para 10,75% ao ano.
A meta central para a inflação neste ano é de 3,5% e será cumprida caso o índice oscile apenas de 2% a 5%. Para o ano que vem, a meta de inflação foi fixada 3,25%, e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.
Em relação à Selic, quando a inflação está em alta, ela aumenta também. O principal instrumento do BC para conter o aumento de preços é o juro básico, fixado a cada 45 dias nas reuniões do Copom. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, os juros podem ser reduzidos.
O valor de 5,15% previsto para inflação de 2022 é mais que a meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, de 3,5%. O valor não consegue alcançar sequer a tolerância da margem que é estipulada em 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Assim, com a margem a inflação poderia ficar entre 2% e 5%.
Se confirmada a previsão, será o segundo ano seguido de estouro da meta de inflação. Em 2021, o IPCA somou 10,06%, o maior desde 2015.
Desta forma, se a inflação de 2022 estimada se concretizar, o presidente do Banco Central deverá fazer uma carta aberta para explicar a situação. O mesmo aconteceu no ano passado. Mesmo num cenário ruim, o presidente Jair Bolsonaro (PL) minimizou os resultados.
A inflação 2022 não é apenas um indicador econômico, mas afeta o dia a dia da população que deve conviver com a alta dos preços, enquanto o salário não aumenta, reduzindo assim o poder de compra final.
Em relação ao aumento do juro na semana passada para 10,75% a.a.,o Copom informou na ata que é “compatível com a convergência da inflação para as metas ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2022 e, em grau maior, o de 2023”. Com isso, o BC reforçou o cenário em que a inflação retorna para a meta somente no próximo ano.
Ao mesmo tempo, o BC avaliou que essa decisão de não aumentar mais o juro neste momento para tentar cumprir a meta de inflação já em 2022 “implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”.
Em outras palavras, isso evita uma queda maior da atividade econômica e, consequentemente, melhora o cenário para a retomada do emprego.