MEC confirma demissão de servidores contratados irregularmente com salários de até R$12 mil
O Ministério da Educação (MEC) informou que anulou um acordo de assistência técnica firmado com a Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) para a contratação de consultores. Segundo informações da pasta, desde 2008, primeiro ano do termo, o MEC repassou nada menos que R$178 milhões.
Ao todo, o Ministério da Educação realizou uma dispensa de 89 consultores. Em julho, o MEC oficializou a comunicação aos órgãos de controle: Controladoria Geral da União (CGU), Ministério Público Federal (MPF) e Tribunal de Contas da União (TCU). A medida foi publicada no Diário Oficial da União.
“Quando a gente identificou começamos a tomar as devidas providências administrativas, inclusive perdendo uma parte da equipe que trabalha aqui”, disse o ministro da Educação, Abraham Weintraub, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira, 4 de julho. “Esse não é um ministério para investigar. Identificadas as irregularidades, nós encaminhamos para o Ministério Público Federal, para o TCU e para a CGU”, afirmou.
Somente no ano passado, os repasses chegaram a R$ 37,4 milhões. Os salários dos consultores, que não tinham vínculo empregatício com o MEC, variavam entre R$ 6 mil e R$12 mil. A cada ano o acordo era renovado, o que não ocorreu neste ano.
“Cinquenta [consultores] eram em TI [Tecnologia da Informação]. O restante era em todas as secretarias, desenvolvendo outras atividades, como acompanhamento de projetos, acompanhamento de programas e notas técnicas”, disse a secretária-executiva substituta do MEC, Maria Fernanda Bittencourt.
De acordo com o Ministério, a medida foi tomada para aplicar a devida fundamentação legal. A consultoria jurídica do ministério encontrou irregularidades no termo. Entre eles: o MEC não elaborou um projeto básico da proposta. Foi a OEI que apresentou um programa de assistência técnica; não houve prévia aprovação pela Agência Brasileira de Cooperação, do Ministério das Relações Exteriores; ausência de envio dos autos e das minutas de acordo para análise pela consultoria jurídica do MEC; e falta de publicação do termo de acordo no Diário Oficial da União.
“O ministro determinou um pente-fino. Na renovação, com a irregularidade detectada, tudo ficou suspenso, e agora está sob análise da consultoria jurídica”, disse o consultor jurídico do MEC, Rodrigo Pirajá.