Desde junho deste ano, o governo federal aplicou uma mudança no sistema do Farmácia Popular. Trata-se do programa que oferece medicamentos de graça, ou com descontos, para uma parcela da população. Desde então, o projeto se tornou maior, passando a atender mais pessoas, e oferecendo mais medicamentos. Cinco meses depois das mudanças, há um impacto claro para os usuários do Bolsa Família.
Dados oficiais do Ministério da Saúde, obtidos pelo site Jota, indicam que em maio deste ano 831.809 usuários do Bolsa Família usaram o Farmácia Popular para conseguir remédios gratuitos. Em outubro, este número passou para 1.062.259 beneficiários, ou seja, um aumento de 27,7% no número de pessoas atendidas.
Também houve aumento no registro de retiradas de medicamentos destinados à saúde da mulher. Em junho, antes da ampliação do projeto, 87.536 mulheres usaram o Farmácia Popular para retirar remédios gratuitos. Cinco meses depois, este número chegou a 162.739, ou seja, um aumento de 85,9%.
Governo comemora números
Os números foram comemorados pela assessoria de comunicação do Palácio do Planalto. “Medicamento de graça para quem mais precisa. Esse é o Farmácia Popular. Depois de passar os últimos anos em declínio, o programa foi reformulado em junho, ampliando o acesso aos mais vulneráveis. É o que diz levantamento do Jota, com informações do Ministério da Saúde”, diz a pasta.
“Desde a reformulação, o programa cresceu 27,7% entre beneficiários do Bolsa Família e 85,9% na retirada de medicamentos destinados à saúde da mulher. Acesso à saúde é um direito de todos e o Farmácia Popular nasceu com essa missão: cuidar da saúde de todos os brasileiros”, completa a nota.
O fato, no entanto, é que do ponto de vista geral, quando se considera todos os públicos do programa, independente de receber Bolsa Família ou não, o que se vê é um aumento muito pequeno na procura pelos remédios gratuitos do Farmácia Popular. Em quatro meses, os números do Ministério da Saúde indicam que houve uma elevação de apenas 5,7% neste atendimento.
A grande suspeita por parte do governo federal é de que boa parte da população ainda não tenha tomado conhecimento das novas regras.
As listas do Farmácia Popular
Gratuitos para toda a população
- Asma: brometo de ipratrópio (0,02 mg e 0,25 mg); dipropionato de beclometasona (50 mcg, 200 mcg e 250 mcg); sulfato de salbutamol (100 mcg e 5 mg).
- Diabetes: cloridrato de metformina (500 mg, com e sem ação prolongada, e 850 mg); glibenclamida (5 mg); insulina humana regular (100 ui/ml); insulina humana (100 ui/ml).
- Hipertensão: atenolol (25 mg); besilato de anlodipino (5 mg); captopril (25 mg); cloridrato de propranolol (40 mg); hidroclorotiazida (25mg); losartana potássica (50 mg); maleato de enalapril (10 mg); espironolactona (25 mg); furosemida (40 mg); succinato de metoprolol (25 ml).
Com coparticipação (e, agora, também gratuitos para quem recebe Bolsa Família)
- Anticoncepcionais: acetato de medroxiprogesterona (150 mg); etinilestradiol (0,03mg) + levonorgestrel (0,15 mg); noretisterona (0,35 mg); valerato de estradiol (5 mg) + enantato de noretisterona (50 mg)
- Dislipidemia (colesterol alto): sinvastatina (10 mg, 20 mg e 40 mg)
- Doença de Parkinson: carbidopa (25 mg) + levodopa (250 mg); cloridrato de benserazida (25 mg) + levodopa (100 mg)
- Glaucoma: maleato de timolol (2,5 mg e 5 mg)
- Incontinência: fralda geriátrica
- Osteoporose: alendronato de sódio (70 mg)
- Rinite: budesonida (32 mg e 50 mg); dipropionato de beclometasona (50 mcg/dose)
- Diabetes tipo 2 + doença cardiovascular (> 65 anos): dapagliflozina (10 mg)
Como conseguir o remédio de graça
Não é necessário realizar nenhum tipo de inscrição prévia para ter direito ao remédio gratuito ou com desconto no sistema do Farmácia Popular. Basta se dirigir até uma farmácia que tenha convênio com o programa. Normalmente, estes estabelecimentos exibem o selo do Farmácia Popular já na fachada.
Ao chegar no local, é importante estar portando os seus documentos pessoais como RG e CPF e também a sua receita médica. Tal documento precisa ser assinado por um médico competente seja do Sistema Único de Saúde (SUS) ou da rede particular de saúde.
No caso dos usuários do Bolsa Família, o atendente da farmácia pode realizar uma consulta para confirmar se a pessoa é mesmo usuária do programa de transferência de renda.