A pausa escolar para conter os avanços da pandemia no Brasil parece ter deixado os alunos mais nervosos e até mesmo mais violentos. Ao menos é o que indica a mais nova pesquisa do instituto Nova Escola. De acordo com o levantamento, 66% dos professores brasileiros avaliam que estão convivendo com mais violência na sala de aula agora.
Para 97,8% dos professores brasileiros, o aumento de tal agressividade estaria atrapalhando ainda mais o aprendizado em sala de aula. O levantamento indica que 50,6% dos professores acreditam que o aumento da violência depois da pandemia existe por causa do desenvolvimento de doenças psicológicas durante o período de isolamento.
Outros 46% dos trabalhadores da educação acreditam que a violência pode ser fruto do aumento da vulnerabilidade das famílias. Parte dos professores (16,1%) também disseram que a localização das moradias dos alunos interfere neste aumento da agressividade. A pesquisa ouviu 5.403 educadores do ensino infantil ao médio das redes pública e privada.
Em boa parte dos casos, o aumento da violência dos alunos atinge principalmente os trabalhadores da educação. A pesquisa revela que 22% dos professores brasileiros afirmam conviver com episódios de violência ao menos uma vez por semana. Outros 23,4% afirmam que os casos acontecem ao menos duas vezes por mês.
Outro dado do levantamento revela que 51% dos professores afirmam que nunca chegaram a receber nenhum tipo de orientação da secretaria para poder reagir corretamente em casos de violência. Analistas acreditam que boa parte destes profissionais acabam carregando toda a responsabilidade de resolução dos problemas.
Para integrantes do instituto Nova Escola, boa parte dos estudantes voltaram mais violentos por causa da falta de convívio com outros estudantes. De acordo com os analistas, é como se eles tivessem desaprendido a conviver.
“A pandemia teve consequências negativas para toda a sociedade, mas as crianças e adolescentes sofreram mais por ter menos amadurecimento”, disse Ana Ligia Scachetti, que é a diretora da Nova Escola.
“Não é que elas ficaram dois anos sem ir para escola e perderam só conteúdos escolares, elas perderam dois anos de convivência social em um ambiente que é fundamental para o seu desenvolvimento”, completou ela.
Dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apontam que o Brasil é o líder do ranking global de agressão contra educadores. Os dados levam em consideração a violência física e psicológica.
Só em São Paulo, 48% dos professores dizem ter sofrido alguma violência verbal, e 5% dizem afirmam que já foram agredidos fisicamente em sala de aula. No Distrito Federal (DF), 20% das agressões são proferidas não pelos alunos, mas pelos pais deles.
Professor que é agredido em sala de aula pode entrar na justiça do trabalho para buscar uma condenação por danos morais. Durante a pandemia, pesquisa da Nova Escola aponta que 72% dos profissionais na área sofreram com problemas de ordem psicológica.