O mundo da economia pode estar prestes a presenciar a criação de uma nova moeda internacional. Ainda não há detalhes sobre o item, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou que a cúpula dos Brics resolveu criar esta nova moeda para facilitar as trocas comerciais.
Hoje, o Brics é formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Em breve, o bloc0 vai receber a adesão de seis novos países, entre eles Argentina e Arábia Saudita. Lula ressaltou que o projeto de criação da nova moeda ainda está em fase de estudos, e evitou falar em datas para o início da adesão.
“Ninguém quer mudar a unidade monetária do país. O que nós queremos é criar uma moeda que permita que a gente faça negócio sem precisar comprar dólar”, disse Lula. “Nós resolvemos criar uma moeda, porque isso facilita a vida das pessoas, mas nós não queremos pressa porque não é uma coisa simples de fazer”, completou ele.
“Acho muito importante a gente se preocupar em criar uma certa paridade em trocas comerciais”, disse o presidente.
Prazos para nova moeda
Embora Lula tenha dito que não tem pressa para a implementação desta nova moeda, as negociações já começaram. Durante a cúpula do Brics na África do Sul, uma reunião com os ministros da fazenda de todos os países membro foi realizada.
No final das contas, ficou definido que os países precisarão apresentar um relatório sobre o tema e concluírem a análise na próxima reunião do bloco, que está marcada para ocorrer em outubro do próximo ano, na Rússia.
“Estamos prontos para explorar oportunidades e melhorar a responsabilidade e a justeza da arquitetura financeira global”, disse o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, ao ser questionado sobre os estudos sobre a nova moeda.
Aumento do BRICS
A reunião da cúpula do BRICS terminou com a confirmação da entrada de mais seis países. São eles:
- Argentina;
- Egito;
- Irã;
- Etiópia;
- Arábia Saudita ;
- Emirados Árabes Unidos.
“Apoiamos uma reforma abrangente da ONU, incluindo o seu Conselho de Segurança, com vista a torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e aumentar a representação dos países em desenvolvimento nos membros do Conselho para que possa responder adequadamente aos desafios globais prevalecentes e apoiar as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, incluindo o Brasil, a Índia e a África do Sul, a desempenhar um papel mais importante nos assuntos internacionais, em particular nas Nações Unidas, incluindo o seu Conselho de Segurança”, diz o comunicado.
“Encarregamos os nossos ministros das finanças e presidentes dos Bancos Centrais, conforme apropriado, a considerarem a questão das moedas locais, instrumentos de pagamento”, completa o comunicado final.
Reação na Argentina
Como dito, a Argentina será, a partir do dia 1º de janeiro, um dos mais novos integrantes do BRICS. Em tese, o país vizinho também passaria a ter que realizar transações com a nova moeda que está em estudo. Alguns argentinos, no entanto, não gostaram nada da ideia. É o caso de Javier Milei, o candidato à presidência que lidera todas as pesquisas de opinião.
“Nosso alinhamento geopolítico é com os Estados Unidos e Israel. Essa é a nossa política internacional. Nós não vamos nos alinhar com comunistas”, disse o candidato argentino, favorito a ser o próximo morador da Casa Rosada.
“Eu não disse que vamos deixar de comercializar com China ou Brasil, o que estou dizendo é que isso é uma questão do setor privado na qual eu não tenho que me meter”, acrescentou ele.
“O presidente, que está numa situação de enorme fragilidade e sem exercer seu cargo, acaba de comprometer a Argentina com a adesão aos Brics, no momento em que a guerra está ocorrendo na Ucrânia e junto ao Irã, país com o qual temos uma ferida aberta”, disse Patrícia Bullrich, outra candidata.