O ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT), postou em seu Twitter no último sábado (25/02), que o Governo Federal está em busca de retomar uma fábrica que pertencia à montadora Ford em Camaçari, na Bahia. A princípio, o projeto deve receber aportes financeiros da BYD, de investidores chineses.
De acordo com o Governo Federal, o objetivo principal da proposta é reaquecer alguns polos industriais da região nordeste do país, de extrema importância. Inicialmente a notícia havia sido relatada pela revista Veja, mas em seguida, Luiz Marinho decidiu confirmar a informação em sua rede social.
Ademais, a Ford, montadora americana, parou de produzir veículos no Brasil no início do ano de 2021. Ao todo a empresa possuía três fábricas, a de Camaçari, em Taubaté, no estado de São Paulo e a de Horizonte, no estado do Ceará. Estima-se que os chineses deverão utilizar a antiga fábrica para produzir carros elétricos.
Vale ressaltar que a Ford manteve apenas suas fábricas na Argentina e no Uruguai, na América do Sul para a produção de veículos. Todavia, há também um centro de desenvolvimento de Produto na Bahia, o Campo das provas em Tatuí, no estado de São Paulo, e sua sede regional, no mesmo estado da federação.
Em seu post no Twitter do último sábado, o ministro do trabalho escreveu que “O governo Lula negocia a retomada da FORD na Bahia, com isto, reaquecendo importantes polos industriais do Nordeste”. Espera-se que com a retomada da fábrica no estado, o setor automobilístico seja estimulado na região.
Vale ressaltar que entre janeiro e novembro de 2021 as empresas produtoras de veículos fecharam cerca de 4,8 postos de trabalho formais na Bahia. Deste total, 4,6 mil foram em Camaçari. Esta estimativa foi alcançada através de informação do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do IBGE.
No período em que a Ford fechou as portas para a sua produção no Brasil e na Argentina, foram contabilizadas mais de cinco mil demissões. O presidente Lula tem a região nordeste como estratégica, de grande importância. Aliás, foi um dos seus principais polos eleitorais na sua campanha de 2022.
Analogamente, Camaçari é considerado um polo industrial da região nordeste e é a quarta maior cidade da Bahia. Ela fica na região metropolitana de Salvador. Dessa maneira, a retomada da fábrica pode ser uma ação estratégica do novo governo que deve buscar uma série de investimentos para desenvolver a região.
O governo Federal está negociando a retomada da fábrica de veículos na Bahia com a empresa asiática BYD, fabricante de automóveis, caminhões e ônibus, com sede em Xian, na China, fundada em 2003. Lula deve visitar a China no mês de março e deve conversar a respeito da nova fábrica.
No final de outubro do ano passado, o governo da Bahia e a BYD assinaram um protocolo de intenções, com o objetivo de efetivar a retomada da fábrica no estado. O governo estadual na época anunciou que a fabricante chinesa iria investir cerca de R$3 bilhões para a instalação de três fábricas na região.
Esperava-se que a reabertura da fábrica em Camaçari gerasse 1.200 empregos diretos durante a sua implementação, que deveria começar em junho de 2023. No entanto, em fevereiro, o governador do estado, Jerônimos Rodrigues (PT) afirmou recentemente que não há nada definido sobre a instalação da montadora chinesa.
Rodrigues diz que está dialogando para que a BYD aproveite toda a estrutura deixada pela montadora Ford na região. De acordo com o governador, “O que eu posso dizer é que nós estamos trabalhando duro para garantir a instalação da empresa. Nenhum estado brasileiro tem as condições que nós temos”.
De acordo com Jerônimos Rodrigues, a planta da Ford está pronta, e por essa razão, a montadora chinesa não precisará gastar para construir uma nova. Ele ainda afirmou que há outras vantagens para a empresa asiática, como por exemplo o Porto de Aratu, que pode auxiliar no escoamento da produção.
O governador da Bahia ainda falou que está trabalhando silenciosamente para não atrapalhar a negociação. A BYD também tem feito estudos para reaproveitar uma fábrica de motores na cidade de Campo Largo, no Paraná. Deve-se observar que mesmo assim ela não deixou de levar a fábrica da Bahia em consideração.