Publicado pela primeira vez em 1986, o livro intitulado “O Meu Amigo Pintor”, escrito pela brasileira Lygia Bojunga, consiste em em uma história ficcional que retrata a amizade entre um adolescente e um artista. O romance já foi traduzido para vários idiomas e adaptado para o teatro, tendo recebido prêmios.
O livro “O Meu Amigo Pintor” está dentro da categoria da literatura infanto-juvenil, tendo como público alvo crianças e jovens, mas alcança também adultos com a sua linguagem sensível e temática profunda.
O enredo da obra tem como personagens principais Claudio, um menino de aproximadamente 11 anos, e o seu amigo pintor. O pintor era marcadamente melancólico, tendo uma alma atormentada por episódios do passado e pelas incertezas do seu futuro.
Ainda assim, o menino consegue estabelecer uma conexão profunda com o pintor. Enquanto Claudio se deslumbra com o mundo das cores através das telas do pintor, esse encontra certo conforto para o seu drama no entusiasmo do menino em suas descobertas e contemplações.
A obra é narrada pelo menino, que não segue uma linha cronológica em duas descrições. Nesse sentido, a narrativa é em certa medida fragmentada, apresentando de forma intercalada cenas e fatos do passado e do presente.
Mesmo que poética, a linguagem usada por Lygia Bojunga nesse livro é simples e direta, com o uso de um vocabulário comum, de modo que a leitura é possível para diversas faixas etárias.
narrativa aborda um tema sob o qual paira um tabu: o suicídio. A narrador personagem não descreve a cena na qual o seu amigo pintor se despede da vida. Ainda assim, a autora apresenta o desconforto do menino ao lidar com o luto pela ausência do amigo.
Com estrutura de diário, logo na primeira página, Claudio relata que o amigo havia morrido há três dias. Foi o próprio menino que descobriu em uma terça-feira, após chegar da escola, que seu amigo morrera. Claudio encontra o pintor morto em seu apartamento.
Então, logo no início o enredo introduz dois temas principais: suicídio e luto. “De repente comecei a me sentir todo escuro por dentro. Tão escuro que não dava pra enxergar mais nada dentro de mim”, relata Claudio ao falar sobre a morte do seu amigo pintor.
Por não seguir a ordem cronológica, há diversos diálogos descritos pelo menino entre ele e o seu amigo no seu diário. Assim, ao longo da narrativa, a autora deixa vestígios de que o amigo pintor cometeria suicídio, abordando com sensibilidade os motivos pelos quais ele tomaria tal atitude.
Um dos elementos apresentados é a solidão sentida pelo pintor, além de uma certa desesperança. Claudio relata também que o seu amigo fora preso durante a Ditadura Militar.
Apesar dos temas sensíveis abordados, a obra é também sobre a relação de amizade e sobre as coisas da vida que não podemos controlar. Para ilustrar isso, Lygia utiliza as cores trazendo mais um elemento artístico para sua obra.
Nascida em 1932 no Rio Grande do Sul, Lygia Bojunga Nunes é uma das principais escritoras brasileiras de literatura infanto-juvenil. Entre os gêneros escritos por ela, destacam-se os romances e os contos.
Além do livro “O Meu Amigo Pintor”, têm destaque em sua bibliografia obras como “A Bolsa Amarela” (1976), “O Sofá Estampado” (1980) e “A Casa da Madrinha” (1978). As suas obras estão presentes em diversas listas de leituras obrigatórias para vestibulares.
Neste ano, por exemplo, “O Meu Amigo Pintor” é uma das obras recomendadas pela Uerj para o Vestibular 2024. Por isso, é fundamental estudar os principais livros da autora e estudar a linguagem e estilo por ela utilizados.
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