A LG anunciou nesta segunda-feira (5) que não vai mais fabricar smartphones. Depois de acumular um prejuízo de US$ 4 bilhões ao longo dos últimos anos, a marca decide focar na recuperação econômica.
O encerramento da produção está previsto para acontecer até o dia 31 de julho ainda deste ano. Ainda assim, o estoque disponível de aparelhos continuará disponível.
Sendo assim, tudo indica que a empresa sul-coreana deve focar a partir de agora em divisões mais lucrativas, como a de televisores e de eletrodomésticos, por exemplo.
Confira o comunicado emitido pela LG:
“Desde o segundo semestre de 2015, o nosso negócio global de celulares tem sofrido uma perda operacional por 23 trimestres consecutivos, resultando em um acumulado de aproximadamente 4,1 bilhões de dólares até o final de 2020.
Depois de avaliar todas as possibilidades para o futuro do nosso negócio de celulares, o Headquarter Global decidiu por fechar esta divisão a fim de fortalecer sua competitividade futura por meio de seleção e foco estratégico.”
A empresa encerrou o comunicado agradecendo a confiança e o apoio de sua base de clientes.
Os smartphones eram um problema para a LG?
Segundo informações do jornal Nikkei Asia, o conselho de diretores da empresa aprovou a sugestão de mentores para encerrar definitivamente a unidade de comunicação móvel.
Nesse sentido, espera-se que a partir de agora a companhia venha a focar realmente nos setores de aparelhos domésticos e TVs.
De certo modo, como lembra a publicação, a decisão de encerrar o setor era esperada. Todas as tentativas de vender a divisão não foram bem sucedidas.
Nesse ínterim, sabe que entre os potenciais e futuros compradores, figuraram empresas como o Vingroup, do Vietnã, e o fundo soberano da Rússia.
A LG está quebrada?
Como se os prejuízos não fossem o suficiente, existe um outro problema: a competição por chips.
Isso ocorre porque enquanto a Samsung produz vários destes componentes, a LG depende de fornecedores externos, precisando, portanto, enfrentar a concorrência de grandes fabricantes chinesas para obter os mesmos recursos.
Ainda nesse sentido, é importante lembrar que a LG, assim como a Sony, não conseguiu acompanhar as mudanças do segmento nos últimos anos.
A marca foi de terceira maior fabricante de celulares no começo dos anos 2000 para menos de 3% de participação no mercado mundial ainda no ano passado.
Desse modo, a LG passou a falar abertamente sobre o futuro de sua divisão de smartphones.
Surgiu no mês de dezembro uma notícia segundo a qual os aparelhos de entrada e intermediários da empresa seriam totalmente terceirizados para uma ODM da China.
Portanto, ela seria responsável por desenvolver os produtos que levariam a marca sul-coreana.
Os riscos levados a cabo pela LG
Vindo de movimentos ousados e arriscados, A LG tentou chamar a atenção do mercado premium de smartphones por muito tempo, mas não foi bem sucedida em face das demais empresas.
Dentre os vários riscos, um deles foi apostar nos modelos de duas telas e até em formato de “T”.
Naquele ínterim, levando em consideração a última edição da CES, por exemplo, a empresa trouxe à tona um conceito de smartphone retrátil, cuja tela poderia ser enrolada.
A LG foi notificada pelo Procon?
Nesta segunda-feira (5), logo após o comunicado do fim da produção de smartphones, a LG foi notificada pelo Procon-SP para dar explicações sobre a sua operação aqui no Brasil.
Nesse sentido, foi noticiado que a fabricante sul-coreana tem até a próxima sexta-feira (9) para responder aos questionamentos acerca de sua saída do mercado, informou o jornal Estadão.
No entanto, tal medida já era cogitada esperada. O Procon informou que a empresa deverá explicar o fim de suas operações no país e o impacto de sua saída localmente.
Dentre todas as questões levantadas, as principais são:
- Uma relação com todos os modelos lançados no Brasil nos últimos três anos e seus respectivos manuais de usuário
- Relação de assistências técnicas autorizadas
- Comprovação do período estimado de vida útil dos celulares
- Informações sobre planos de atendimento para atuais consumidores da marca sobre garantia, reparos e reposição de peças
Ainda nesse ínterim, o chefe de gabinete do Procon-SP, Guilherme Farid, observou que o consumidor que se sentir lesado com a mudança poderá efetuar uma reclamação.
Por sua vez, o Procon se compromete em ajudar os consumidores individualmente sem maiores problemas.