Juros do rotativo do cartão atingem maior nível desde 2017

Juros do rotativo do cartão de crédito atingem maior nível desde 2017

Inflação elevada e redução da renda faz brasileiros buscarem linha de crédito, apesar dos juros elevados, que aumentam inadimplência

Milhares de brasileiros buscam empréstimos todos os meses para pagar dívidas ou complementar a renda familiar. Para muitas pessoas, essa é uma grande solução para os problemas financeiros, pelo menos no curto prazo. O problema é que nem sempre a população fica atenta para os riscos envolvendo toda a operação.

Em resumo, existem diversas linhas de crédito disponíveis no país, com algumas delas apresentando juros mais reduzidos, enquanto outras têm taxas bastante elevadas. Por isso, o consumidor precisa estar por dentro de todas as condições oferecidas por cada linha de crédito.

De acordo com especialistas, os brasileiros devem passar longe de uma linha específica, porque ela é a mais cara do mercado. Trata-se do cartão de crédito rotativo, que é muito procurada pelas pessoas no Brasil.

Em março deste ano, os juros chegaram a 430,5% ao ano, segundo o Banco Central (BC). Em suma, esse nível é o mais elevado para a modalidade desde março de 2017 (490% ao ano), ou seja, em seis anos.

Contudo, mesmo com uma taxa bastante expressiva de juros, a população continua contratando o rotativo do cartão. O BC revelou que, no ano passado, as concessões de empréstimo pelo cartão de crédito rotativo para pessoas físicas bateram recorde no país, totalizando R$ 341,48 bilhões.

Entenda como funciona o rotativo do cartão

Em síntese, o rotativo do cartão de crédito é a linha pré-aprovada no cartão. Embora seja a linha de crédito mais cara do mercado, sua procura sempre se mostra bem elevada porque o crédito pode ser contratado por pessoas que não têm condições de pagar o valor total da fatura na data do vencimento.

Assim, o consumidor tem a possibilidade de pagar a fatura em dia, contando com o empréstimo. Apesar de parecer positiva, a linha de crédito pode causar ainda mais dor de cabeça aos consumidores devido aos juros mais altos do mercado.

As pessoas que contratam essa linha de crédito ainda podem fazer saques na função crédito do meio de pagamento. Em outras palavras, as vantagens oferecidas são bastante atraentes, mas os consumidores devem recorrer a alternativas com juros menores, que irão afetar de maneira menos intensa a renda familiar.

Vale destacar que, em caso de inadimplência do cliente, ou seja, quando a pessoa não paga a dívida, o banco deverá parcelar o saldo devedor. Além disso, a entidade financeira também poderá oferecer outra maneira para que o cliente quite a dívida, com condições mais vantajosas, no prazo de 30 dias.

A propósito, a taxa de juros do parcelado do cartão teve alta de 2,4 pontos percentuais em relação a fevereiro, com os juros chegando a 192% ao ano.

Dessa forma, a taxa de juros total do cartão de crédito subiu 0,1 ponto percentual, para 101,7% ao ano em março. Por outro lado, a taxa caiu 5,1 pontos percentuais no cheque especial, chegando a 129,1% ao ano em março.

Ministro Fernando Haddad critica linha de crédito

Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou o rotativo do cartão de crédito. Em resumo, o ministro afirmou que tentará negociar uma redução dos juros nessa linha de crédito, junto às instituições financeiras, para beneficiar a população do país.

“O desenho [do crédito do cartão rotativo] está prejudicando muito a população de baixa renda. Uma boa parte do pessoal que está no Serasa hoje é por conta do cartão de crédito. Não só, mas é também por cartão de crédito. E as pessoas não conseguem sair do rotativo”, disse Haddad.

“É preciso encontrar um caminho negociado como fizemos com a redução do consignado dos aposentados”, acrescentou o ministro durante reunião com representantes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em Brasília.

Entre as opções que o governo federal e as instituições financeiras estão tentando realizar, algumas se destacam. Uma delas é o oferecimento de taxas mais acessíveis a devedores pontuais. Isso quer dizer que os consumidores que ficam pouco tempo no rotativo poderão aproveitar taxas menos elevadas, caso haja aprovação dessa medida.

Segundo representantes das instituições financeiras, os altos juros cobrados no rotativo do cartão são necessários, pois, caso contrário, o risco ficaria destinado apenas ao emissor do cartão. Por isso, os bastidores revelam que o governo e as instituições estão longe de chegar a alguma solução em relação ao rotativo do cartão de crédito.

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