Julho de 2023 entra para a história como o mês mais quente já registrado no planeta. As temperaturas médias na atmosfera foram 0,72ºC mais altas do que a média registrada para julho entre 1991 e 2020. Esse fenômeno alarmante marca uma transição da era do aquecimento global para a era da “ebulição global”, como afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres. O aumento das temperaturas e outros eventos extremos estão diretamente relacionados às atividades humanas, principalmente o uso de combustíveis fósseis. Neste artigo, exploraremos os impactos dessas condições climáticas preocupantes em todo o mundo.
O mês de julho foi marcado por ondas de calor e incêndios devastadores em várias partes do mundo. Na Grécia, grandes incêndios destruíram áreas florestais e comunidades inteiras. O Canadá também foi afetado, com incêndios e inundações ocorrendo simultaneamente. As ondas de calor sucessivas afetaram o sul da Europa, norte da África, sul dos Estados Unidos e parte da China, causando danos significativos. Esses eventos extremos têm se tornado cada vez mais frequentes e intensos, colocando em risco tanto as pessoas quanto o planeta.
Além das temperaturas atmosféricas recordes, os oceanos também estão sofrendo com o aquecimento global. As temperaturas da superfície do mar estão consistentemente acima da média desde abril, alcançando níveis sem precedentes em julho. Em 30 de julho, foi registrado o recorde absoluto de 20,96°C. Durante todo o mês, a temperatura média da superfície do mar ficou 0,51°C acima da média entre 1991 e 2020. Essas condições têm sérias consequências para a vida marinha e os ecossistemas costeiros.
Estudos científicos, como os realizados pela rede ‘World Weather Attribution’ (WWA), confirmam que as ondas de calor recentes na Europa e nos Estados Unidos seriam “praticamente impossíveis” sem o efeito das atividades humanas. A queima de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás, é a principal causa do aumento das temperaturas globais. Esses recordes alarmantes destacam a urgência de esforços ambiciosos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e combater as mudanças climáticas.
O ano de 2023 já se configura como o terceiro mais quente até o momento, com uma temperatura média global em julho 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Essa marca é significativa, pois representa o limite mais ambicioso estabelecido pelo Acordo de Paris de 2015 para limitar o aquecimento global. No entanto, é importante ressaltar que esse limite se refere a médias de muitos anos e não apenas a um único mês. A emergência climática exige ações rápidas e decisivas para reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa.
A previsão para o restante de 2023 é de um final de ano relativamente quente, com o desenvolvimento do fenômeno climático El Niño. Esse fenômeno, que ocorre ciclicamente sobre o Pacífico, está associado a um aquecimento global adicional. Isso significa que podemos esperar mais recordes de temperatura nos próximos meses. É essencial que os governos, as empresas e os indivíduos intensifiquem seus esforços para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e enfrentar os desafios impostos pela crise climática.
Enquanto o mundo enfrenta esse cenário preocupante, o Brasil também enfrenta condições climáticas adversas. O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) emite alertas de acordo com a gravidade da situação. Existem três níveis de alerta: amarelo, laranja e vermelho, representando “perigo potencial”, “perigo” e “grande perigo”, respectivamente. Atualmente, oito estados brasileiros estão sob alerta amarelo e nove estados sob alerta laranja.
A ausência de chuvas e as temperaturas acima da média em algumas regiões do Brasil são agravadas pelo fenômeno climático El Niño. Esse padrão climático provoca maior volume de chuvas no Sul, menos chuvas no Norte e um clima mais quente em todo o país, especialmente no Centro-Sul. Durante todo o mês de agosto, é esperado que a região Norte e Nordeste do Brasil tenha chuvas próximas ou ligeiramente abaixo da média. Por outro lado, o Centro-Oeste e o Sudeste do país enfrentarão um período de seca com temperaturas elevadas.
Na região Norte, espera-se que haja maiores volumes de chuva no leste, com destaque para áreas no noroeste do Amazonas e no Acre. No entanto, em Rondônia, Pará e Tocantins, prevalecerá o tempo seco. No Nordeste, são esperados baixos acumulados de chuva na costa leste, especialmente no litoral sul da Bahia. Nas demais áreas, como no Matopiba e no interior e norte da região, o tempo continuará quente e seco. No Centro-Oeste e Sudeste, a massa de ar quente e seco manterá o tempo estável na maioria das regiões, com exceção do litoral do Sudeste, onde é esperado aumento da nebulosidade e possibilidade de chuvas. No Sul, a atuação de uma frente fria e áreas de instabilidade causará acumulados de chuva em algumas áreas, enquanto outras regiões terão baixos volumes de chuva.
O mês de julho de 2023 foi um marco alarmante para o planeta, com temperaturas recordes e eventos climáticos extremos em várias partes do mundo. Essas condições são resultado direto das atividades humanas e exigem ações imediatas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e combater as mudanças climáticas. No Brasil, os alertas do INMET e os efeitos do El Niño destacam a importância de monitorar e adotar medidas para enfrentar as condições climáticas adversas. A conscientização e a cooperação global são essenciais para enfrentar a crise climática e garantir um futuro sustentável para as gerações futuras.