As famílias de renda mais baixa do país não sofreram com uma inflação muito expressiva em agosto graças ao grupo alimentação e bebidas. Os preços dos itens deste grupo caíram 0,85% em relação a julho, limitando a taxa inflacionária do país.
Em resumo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,23% no mês passado. Embora a variação tenha acelerado em relação a julho, a alta veio abaixo das projeções do mercado (0,28%). Isso aconteceu, em grande parte, graças à queda nos preços de alimentação e bebidas.
“Temos observado quedas ao longo dos últimos meses em alguns itens importantes no consumo das famílias como, por exemplo, a carne bovina e o frango, que está relacionado à questão de oferta. A disponibilidade de carne no mercado interno está mais alta, o que tem contribuído para a queda nos últimos meses“, explicou o gerente do IPCA/INPC, André Almeida.
Os itens que tiveram as maiores quedas em seus preços em agosto foram batata-inglesa (-12,92%), feijão-carioca (-8,27%), tomate (-7,91%), leite longa vida (-3,35%) frango em pedaços (-2,57%) e carnes (-1,90%).
Por outro lado, dois itens figuraram como as principais altas de agosto: arroz (1,14%) e frutas (0,49%), com destaque para o limão (51,11%) e a banana-d’água (4,90%).
De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a aceleração da inflação foi provocada pelas faixas de renda mais baixas, cujas variações ganharam força no mês passado. Veja abaixo as oscilações das taxas inflacionárias entre julho e agosto de 2023:
Vale destacar que a maior desaceleração foi registrada entre as pessoas de renda alta, cuja inflação, que era a mais elevada do país em julho, passou a ser a terceira menor em agosto.
Por outro lado, a taxa inflacionária acelerou para as faixas de renda mais baixas. Aliás, as pessoas de renda muito baixo continuaram com a menor taxa do país, mas este foi o segmento de maior avanço percentual no mês, de 0,41 ponto percentual.
Da mesma forma que as faixas de renda apresentaram, no geral, uma aceleração da taxa inflacionária em agosto, as variações acumuladas entre janeiro e agosto também avançaram no país, segundo o Ipea. Confira abaixo as taxas registradas por todas as faixas de renda entre fevereiro de 2022 e janeiro de 2023:
Em suma, as três faixas de renda mais baixas tiveram percentuais inferiores à média nacional (3,23%), enquanto as três faixas de maior rendimento sofreram com uma inflação mais elevada que a média nacional neste ano de 2023. A propósito, a inflação no Brasil acelerou no acumulado deste ano, passando de 2,99% para 3,23%.
Já no acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA acelerou de 3,99% para 4,61%. Entre as faixas de renda, o menor percentual também ficou com as pessoas de renda muito baixa (3,70%), enquanto o maior percentual ficou com as famílias de renda alta (5,89%).
Em síntese, ambas as bases comparativas foram impulsionadas pelas famílias de maior rendimento, que estão precisando pagar mais caro para adquirir itens ou contratar serviços no Brasil. Por outro lado, as famílias de renda mais baixa estão conseguindo aproveitar variações menos expressivas nos últimos meses.
O levantamento do Ipea também revelou que a inflação oficial do Brasil acelerou em agosto, na comparação com julho devido ao grupo habitação. O item energia elétrica residencial exerceu o maior impacto no IPCA em agosto, de 0,18 ponto percentual. O resultado foi bem diferente do registrado pelo grupo alimentação e bebidas, cujos preços caíram no mês passado.
“Em sentido oposto, o reajuste de 4,6% das tarifas de energia elétrica – e seus efeitos altos sobre o grupo habitação – impactou proporcionalmente mais a inflação dos segmentos de menor poder aquisitivo, tendo em vista que essas classes despendem uma parcela maior dos seus orçamentos para a aquisição desse serviço“, explicou a pesquisadora Maria Andreia Lameiras.
Por fim, o Ipea revela que as faixas de renda pesquisadas têm as seguintes faixas de renda: