O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial do Brasil, subiu 0,35% em setembro. O resultado indica aceleração da taxa em relação a agosto, quando a prévia havia subido 0,28%.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo levantamento, os consumidores tiveram que gastar um pouco mais em setembro para continuar com os mesmos hábitos de consumo.
Ainda assim, vale destacar que o IPCA-15 veio abaixo do esperado. A saber, a mediana das projeções dos analistas indicava uma variação de 0,36%, mas a prévia da inflação veio levemente menor que essa taxa (0,35%).
Cabe salientar que o principal objetivo do IPCA-15 é “medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias, cujo rendimento varia entre 1 e 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos“, segundo o IBGE.
Com o acréscimo do resultado de setembro, o IPCA-15 passou a acumular uma alta de 3,74% em 2023. Já no acumulado dos últimos 12 meses, a inflação no Brasil acelerou de 4,24%, em agosto, para 5,00%. A propósito, inflação se refere ao aumento dos preços de produtos e serviços.
Com a aceleração registrada no acumulado anual, o IPCA-15 se afastou ainda mais da meta central definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para a inflação do Brasil em 2023, de 3,25%. Além disso, a taxa também saiu do limite de 1,5 ponto percentual definido pelo CMN.
Para quem não sabe, a inflação pode variar 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo em relação à meta central definida. Mesmo que isso aconteça, a inflação ainda vai cumprir a meta estabelecida.
Em outras palavras, a taxa inflacionária no Brasil poderá chegar até 4,75% em 2023 que não irá estourar a meta definida pelo CMN. Valores acima dessa marca representam estouro da inflação, e isso deverá acontecer, caso a inflação continue acelerando nos últimos meses deste ano.
O IBGE revelou que seis dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados registraram aumento dos seus preços em setembro, puxando a inflação do Brasil para cima.
Confira abaixo quais foram os grupos pesquisados pelo IBGE cujos preços subiram:
De acordo com o IBGE, o grupo transportes exerceu o maior impacto no IPCA-15, de 0,41 ponto percentual (p.p.). Em suma, o principal item que impulsionou a inflação do grupo no mês foi gasolina, cujos preços subiram 5,18%, impactando a inflação em 0,25 p.p.
O IBGE revelou que os preços gerais dos combustíveis subiram 4,85% no mês, impulsionado pela gasolina, mas também pelo óleo diesel (17,93%) e pelo gás veicular (0,05%), que também ficaram mais caros. Por outro lado, o etanol ficou 1,41% mais barato, limitando um pouco do avanço do grupo.
Por sua vez, os preços do item passagens aéreas, que haviam caído 11,36% em agosto, mudaram a trajetória e subiram 13,29% em setembro, pressionando o orçamento dos consumidores que viajam no país.
Neste mês, os preços de três grupos caíram, aliviando um pouco o bolso dos brasileiros. Veja quais foram:
Em síntese, o grupo alimentação e bebidas impactou a prévia da inflação em -0,16 p.p., limitando o avanço do IPCA-15 no mês. O recuo foi influenciado pela alimentação no domicílio, cujos preços caíram 1,25%.
Veja abaixo os alimentos que ficaram mais baratos no Brasil em setembro:
Já a alimentação fora do domicílio acelerou em relação a agosto, passando de 0,22% para 0,46%. O preço do lanche subiu 0,74%, enquanto a refeição ficou 0,35% mais cara.
Inflação sobe em dez dos 11 locais pesquisados
Neste mês, o IPCA-15 subiu devido ao aumento dos preços na maioria dos locais pesquisados pelo IBGE. De acordo com o instituto, os consumidores de dez dos 11 locais pesquisados sofreram com preços mais altos de produtos e serviços.
Em resumo, o IPCA-15 analisa a variação dos preços em nove regiões metropolitanas do país: Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Além destas, a coleta de dados também acontece em Brasília e no município de Goiânia.
Veja as taxas de agosto nos locais pesquisados pelo IBGE:
“Quanto aos índices regionais, apenas Salvador (-0,03%) registrou resultado negativo, com taxa influenciada pela queda nos preços da cebola (-16,60%) e das carnes (-3,95%). A maior variação foi registrada em Belém (1,00%), devido à alta da energia elétrica residencial (8,81%) e da gasolina (6,51%)“, explicou o IBGE.