As famílias do país continuam se mostrando dispostas a manterem seus hábitos de consumo em 2024, mas o ímpeto está um pouco menor que antes, refletindo a situação atual da economia brasileira.
Em julho deste ano, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) recuou 0,2% em relação a junho, para 101,5 pontos, após ajuste sazonal. Essa foi a primeira queda do indicador desde março.
Já na comparação com julho de 2023, a intenção de consumo cresceu 2,3%, refletindo a melhora do cenário nacional. Contudo, vale destacar que essa foi a menor taxa de crescimento desde junho de 2021.
Intenção de consumo segue em patamar positivo
Neste mês, o indicador seguiu acima da marca de 100 pontos, que separa o otimismo e o pessimismo. Em suma, taxas maiores que essa marca indicam que a intenção de consumo as famílias está positiva, na zona de otimismo. Por outro lado, dados inferiores a 100 pontos refletem pessimismo dos consumidores.
Cabe salientar que o ICF vem se mantendo acima de 100 pontos desde o ano passado, algo que não era visto há vários anos. A saber, o indicador havia chegado à zona de otimismo apenas em 2015, e isso voltou a acontecer em agosto de 2023, após um intervalo de mais de oito anos, e vem se mantendo acima de 100 pontos desde então.
Todos esses dados fazem parte do levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Em agosto, os consumidores se mostraram ainda mais otimistas com a recuperação econômica do Brasil neste ano, e isso se refletiu na variação do ICF.
Veja detalhes do desempenho do ICF em julho
O indicador de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) possui sete componentes. Em julho, cinco deles registraram taxas negativas, puxando o resultado mensal do indicador para baixo. Confira abaixo as variações percentuais registradas no mês:
- Momento para duráveis: 1,6%;
- Renda atual: 0,2%;
- Emprego atual: -0,4%;
- Nível de consumo atual: -0,4%;
- Acesso ao crédito: -0,6%;
- Perspectiva de consumo: -0,6%;
- Perspectiva profissional: -1,0%.
A CNC explicou que o recuo do componente perspectiva profissional exerceu o maior impacto negativo no indicador em julho. Esse componente vinha impulsionando o consumo, promovendo o aumento do volume de assalariados e o nível de renda.
Entretanto, o componente vem registrando desaceleração nos últimos meses. Inclusive, o componente foi o único a apresentar taxa negativa na comparação anual, “revelando que, apesar de a percepção atual sobre o emprego estar mais favorável do que em julho de 2023, os consumidores estão mais cautelosos em relação aos próximos resultados do mercado de trabalho”, disse a CNC.
Por sua vez, o indicador de renda atual teve um leve avanço, refletindo a melhora da percepção de renda entre os brasileiros, mas ainda há ressalvas em relação aos próximos meses.
“Com o mercado de trabalho evoluindo, apesar da desaceleração, e com a menor taxa de desocupação desde o início de 2015, a percepção da renda continuou aumentando, e o indicador alcançou o maior nível desde março de 2015 (125,3 pontos). Contudo, a atenção demonstrada pelos consumidores ao futuro do emprego levou a menor taxa de crescimento desse item desde o início de 2024“, informou a CNC.
Quatro componentes seguem acima de 100 pontos
Após o resultado de julho, a CNC revelou que, entre os sete componentes, quatro deles apresentaram taxas superiores a 100 pontos:
- Emprego atual: 125,7 pontos;
- Renda atual: 125,3 pontos;
- Perspectiva profissional: 110,4 pontos;
- Perspectiva de consumo: 103,0 pontos.
Por outro lado, as demais taxas permaneceram na zona de pessimismo. Enquanto os componentes de acesso ao crédito (92,4 pontos) e nível de consumo atual (87,4 pontos) tiveram taxas um pouco distantes de 100 pontos, a situação mais crítica continuou com o componente momento para duráveis (66,6 pontos).
Componentes crescem em um ano
O ICF recuou em julho, mas avançou na base anual. Isso aconteceu porque a maioria dos componentes que formam o indicador de intenção de consumo também cresceu em relação a julho.
O maior avanço veio do componente momentos para duráveis, que cresceu 10,4% em um ano. Em seguida, ficaram renda atual (6,8%), nível de consumo atual (5,3%), acesso ao crédito (3,1%), emprego atual (1,5%) e perspectiva de consumo (0,2%).
O único recuo foi registrado pelo componente perspectiva profissional (-6,6%). “Percepção de desaquecimento do mercado de trabalho leva as famílias a reduzir sua intenção
de consumo“, disse a CNC.
Por fim, a entidade também ressaltou que a piora na percepção em relação ao mercado de trabalho está pressionando as famílias de baixa renda a reduzirem sua perspectiva de consumo no país.