Para conseguir reduzir a fila de espera do INSS, não há outra saída: o Instituto Nacional do Seguro Social vai ter que admitir novos servidores para trabalhar na autarquia. Ao menos esta é a avaliação de Glauco André Fonseca Wamburg, que atua como presidente interino do INSS desde o início deste ano. Ele deu uma entrevista ao jornal Correio Braziliense para falar sobre o tema.
De acordo com Fonseca, o INSS perdeu mais da metade da sua força de trabalho nos últimos 10 anos. Com a baixa realização de concursos neste período, poucos servidores foram admitidos no Instituto, ao mesmo passo em que vários outros servidores da área precisavam se aposentar e deixavam a autarquia.
“Nos últimos 10 anos, perdemos mais da metade da nossa capacidade de servidores. Dobramos a quantidade de tarefas e reduzimos a nossa capacidade de análise. Outro fator que pesou na construção da fila foi o incremento nas demandas do INSS com a reforma da previdência e com a pandemia”, disse Fonseca.
Na mesma entrevista, o presidente interino do Instituto disse que vai ser necessário convocar as pessoas que passaram no último concurso realizado para a autarquia.
“O instituto chegou a um grau de dificuldades com a falta de servidores, e a gente conseguiu um concurso público no governo Bolsonaro. Isso é um marco, conseguimos mil vagas num governo bastante austero à abertura de concurso público”, disse Fonseca na entrevista.
“A gente viu as agências sendo esvaziadas e um crescimento da visão do INSS como o algoz do processo. Então, rearticular a boa vontade e a motivação desses servidores é o primeiro grande desafio que a gente vem tentando resolver. Com a chegada desses novos trabalhadores, vamos ter muita ajuda em relação à fila”, completou o presidente interino do INSS.
Fonseca também disse que o tamanho da fila de espera é um desafio para o Governo Federal, e culpou os anos de pandemia do coronavírus pelas complicações. Segundo ele, toda a mudança no sistema ocasionada pelas paralisações acabaram fazendo com que mais pessoas tivessem que esperar por uma reposta do INSS.
“A pandemia ampliou o número de requerimentos de benefícios por incapacidade. Tivemos, também, uma grande quantidade de requerimentos formulados, pensões por morte, benefício de prestação continuada, enfim, as pessoas estavam impedidas de atuar economicamente e buscaram alternativas”, disse ele.
“No governo passado, para gerir essa fila, fizeram o pagamento do bônus pelo extraturno, que expirou em 31 de dezembro. No novo governo, ainda não conseguimos as condições para a reativação disso, mas contamos com a expectativa de ingresso de mais mil concursados que virão para o INSS em pouquíssimo tempo. Acredito que tomem posse este mês”, completou ele.
Reduzir a fila de espera para entrada em benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foi uma das principais promessas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições do ano passado. Contudo, quase seis meses depois de sua posse, a promessa ainda não foi cumprida. Pelo contrário! Os números mais recentes divulgados pelo INSS indicam que na verdade há um aumento no tamanho da fila de espera desde o início deste ano. A situação preocupa o Ministério da Previdência, que ainda trabalha com o objetivo de reduzir sensivelmente o tamanho da lista de espera ao menos até o final deste ano de 2023.
O novo presidente do INSS acredita que uma saída para o problema está na situação da Dataprev.
“Nós tivemos, no último governo, uma política de desconstrução da Dataprev. O objetivo era privatizar a empresa, isso fez ela ser elencada no rol das privatizações. Temos sim dificuldades em relação à atualização de vários sistemas. Temos algumas dificuldades em relação às equipes que estão hoje mobilizadas para nos atender, mas a Dataprev está em pronta recuperação. O novo governo entende que ela é estratégica, e hoje integra o Ministério da Gestão e Inovação”, disse Fonseca.