Um grupo de hackers conseguiu entrar no sistema do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e “distribuir” uma série de auxílios-reclusão para pessoas que não tinham direito ao montante. O crime foi desarticulado pela Polícia Federal (PF) durante operação na cidade de Belém do Pará, nesta terça-feira (25).
Segundo as informações da polícia, cinco pessoas foram presas na capital paraense enquanto tentavam sacar o dinheiro do auxílio em uma instituição financeira. Contudo, há avaliação é de que eles não estavam sendo beneficiados sozinhos. Centenas de pessoas chegaram a receber ao menos uma parcela do auxílio-reclusão em decorrência desta fraude.
Tudo começou quando a quadrilha obteve o número da matrícula e da senha de um dos servidores do INSS. A partir daí, eles conseguiram liberar uma série de auxílios-reclusão para famílias de pessoas que não estavam presas. Segundo a PF, a operação em questão conseguiu evitar a perda de mais de R$ 230 mil com a ação desta quadrilha.
Agora, as pessoas que foram presas, e aquelas que ainda poderão ser presas, devem ser julgadas por uma série de crimes, dentre eles estelionato e organização criminosa. Os agentes da PF apreenderam os celulares que estavam com os presos, e a ideia é que a partir das informações contidas nos aparelhos, será possível identificar quem são os outros envolvidos no esquema.
O auxílio-reclusão é uma espécie de saldo que é pago para a família de uma pessoa de baixa-renda que é presa. Para que o pagamento seja liberado, o preso precisa ter contribuído com o INSS a ponto de ter direito a uma espécie de ajuda.
Em regra geral, o benefício em questão deve ser sempre de um salário mínimo, e é pago sempre ao dependente do preso, e não a ele diretamente. Na prática, é como se o infrator perdesse o dinheiro de receber o saldo, e o montante fosse repassado para a sua família.
Também nesta terça-feira (25), a Polícia Federal realizou uma segunda operação relacionada a mais uma fraude no sistema do INSS. A PF afirma que 18 pessoas foram presas, depois da suposta participação em um “massivo esquema de fraudes”.
A quadrilhava estava atuando na liberação de pensões, auxílios e até do Benefício de Prestação Continuada (BPC) para pessoas que não estavam precisando do dinheiro. Eles faziam as liberações para beneficiários fantasmas, e depois se apresentavam como procuradores para receber a quantia.
“Verificou-se, assim, que além de atuar como procuradores de pessoas fictícias, os criminosos se apresentavam perante o INSS como se fossem outra pessoa, visto que alguns integrantes da quadrilha forjaram a própria identidade”, destacou a PF.
Os criminosos serão investigados pelos crimes de organização criminosa, estelionato previdenciário, falsidade ideológica, falsificação de documentos públicos e uso de documentos falsos. Somadas, as penas podem chegar a 31 anos e 8 meses de prisão.
Enquanto centenas de pessoas estão conseguindo receber o dinheiro de benefícios do INSS de forma fraudulenta, mais de 1 milhão de cidadãos estão sofrendo na espera por uma resposta. São brasileiros que escolheram o caminho correto de tentar receber algum auxílio do Instituto Nacional do Seguro Social.
O Ministério da Previdência afirma que está ciente de todos os problemas envolvendo a fila de espera do INSS. O Ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT) vem dizendo que vai adotar um sistema de pagamento de bônus para que os servidores ajudem no processo de redução da fila.
“Essa não é uma questão simples de resolver. Existem vários tipos de problemas diferentes. Você tem a perícia. A pessoa está de licença médica, e os peritos avaliam se aquela licença é condizente. São pessoas que pedem aposentadoria por invalidez e precisam fazer um exame médico para isso. Não são situações simples”, declarou.