O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) divulgou números alarmantes sobre o déficit da Previdência Social nos primeiros dez meses deste ano, revelando um rombo de R$ 267,5 bilhões. Esse valor já ultrapassa o déficit registrado ao longo de todo o ano de 2022, que foi de R$ 261,2 bilhões.
A análise dos dados aponta para um agravamento da situação financeira do INSS, com um aumento significativo no descompasso entre a arrecadação e os gastos. Além disso, o número de benefícios concedidos para aposentadorias, pensões e demais auxílios também registrou um aumento notável, ultrapassando a marca de 39 milhões.
De acordo com especialistas, esse aumento no volume de benefícios concedidos contribui para o agravamento do déficit, pressionando ainda mais o sistema previdenciário. Diante desse cenário, analistas econômicos alertam para a necessidade urgente de revisão das políticas previdenciárias, buscando medidas que possam equilibrar as contas do INSS e garantir a sustentabilidade do sistema a longo prazo.
Déficit do RGPS atinge nível histórico
Os números do déficit previdenciário, que atingiu R$ 267,5 bilhões nos primeiros dez meses de 2023, conforme divulgado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), são referentes ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS). Essas informações estão detalhadas no Boletim Estatístico da Previdência Social, em conjunto com os dados do Tesouro Nacional relativos ao resultado de outubro.
Desde a promulgação da Reforma da Previdência em 2019 até 2022, o RGPS registrou um aumento expressivo de 22,5% no déficit. Essa elevação acentuada levanta questionamentos sobre a eficácia das medidas adotadas na reforma para conter o desequilíbrio nas contas previdenciárias.
Além disso, o Tesouro Nacional atribui o saldo negativo deste ano, em grande parte, à significativa elevação de R$ 32,2 bilhões em benefícios previdenciários, representando um aumento de 4,5%. Esse aumento é correlacionado ao crescimento do número de beneficiários do RGPS, que apresentou uma expansão de 2,5% no período de dezembro de 2022 a setembro de 2023 em comparação com o intervalo de dezembro de 2021 a setembro de 2022.
Redução do déficit no regime geral do INSS
O déficit no Regime Geral do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) está previsto para apresentar uma redução em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). De acordo com projeções, a expectativa é que o resultado negativo, que representava 3,79% do PIB em 2020, alcance 2,49% em 2023.
Para Luís Eduardo Afonso, docente da FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade) da USP, esses números fornecem sinais importantes para o médio e longo prazo, especialmente considerando a relevância do gasto previdenciário para o governo federal.
“A gente não pode deixar de olhar com muito cuidado para o gasto previdenciário, e o país precisa se preparar para logo mais pensar em ajuste da reforma da Previdência que foi feita”, afirma.
Em suma, os números divulgados pelo INSS evidenciam uma crise no sistema previdenciário brasileiro em 2023, superando o déficit de todo o ano anterior. O descompasso entre arrecadação e gastos, aliado ao aumento no número de benefícios ressalta a urgência de revisão nas políticas previdenciárias.
À medida que as discussões sobre a reforma da Previdência se tornam cada vez mais constantes, é essencial que o INSS esteja no centro das deliberações. A gestão eficaz do Instituto Nacional do Seguro Social é fundamental para as políticas previdenciárias no Brasil.