Economia

Inflação para famílias de renda mais baixa sobe 3,71% em 2023

Em 2023, os preços dos produtos e serviços subiram no Brasil, mas a população conseguiu respirar um pouco mais aliviada. Isso porque o avanço foi bem menor que o registrado no ano anterior, refletindo a desaceleração da inflação no país.

Em resumo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) subiu 3,71% em 2023, taxa bem menor que a de 2022 (5,93%). A saber, o indicador mede a variação da cesta de compras para famílias com renda de um até cinco salários mínimos, ou seja, foca nas pessoas de renda mais baixa do país.

A temida inflação atingiu de maneira um pouco mais leve a população do país no ano passado. No geral, as pessoas conseguiram adquirir produtos e contratar serviços sem precisar gastar muito mais do que em 2022, ou seja, a taxa inflacionária não chegou a corroer significativamente a renda dos mais pobres.

INPC é utilizado para reajustes salariais

Os dados do INPC são muito importantes, pois o indicador é utilizado como referência para reajustes salariais e benefícios do INSS. Em outras palavras, o governo federal promove reajustes do salário mínimo conforme a variação do INPC.

Cabe salientar que os reajustes devem ser, no mínimo, iguais à variação acumulada pelo indicador no ano anterior. Assim, as famílias continuam a ter as mesmas condições de renda para continuarem comprando os mesmos itens a cada ano.

No entanto, o governo federal pode promover reajustes que resultem em ganhos reais para os trabalhadores, acima da inflação registrada pelo INPC. Aliás, foi justamente isso o que o governo Lula fez, elevando o salário mínimo de R$ 1.320, em 2023, para R$ 1.412 neste ano, acima da inflação.

INPC é utilizado como referência para reajustes salariais e benefícios do INSS. Imagem: Getty Images.

Inflação desacelera em 15 dos 16 locais pesquisados

Em 2023, o INPC subiu em todos os 16 locais pesquisados, em relação ao 2022. Entretanto, vale destacar que as taxas de 15 locais desaceleram no ano, ou seja, o aumento dos preços foi mais leve, com exceção de um local, cuja inflação se fortaleceu no ano.

Confira abaixo as taxas inflacionárias registradas nos locais pesquisados em 2022 e 2023:

Região 2022 2023
Belém 5,54% 4,97%
Fortaleza 6,05% 4,87%
Rio Branco 5,22% 4,52%
Belo Horizonte 4,73% 4,50%
Campo Grande 5,13% 4,20%
Curitiba 4,50% 3,88%
Brasília 5,67% 3,85%
Salvador 7,02% 3,76%
Vitória 4,47% 3,68%
Porto Alegre 3,05% 3,68%
Goiânia 5,61% 3,54%
Rio de Janeiro 6,45% 3,46%
São Paulo 7,22% 3,43%
Aracaju 6,53% 3,30%
Recife 6,41% 2,39%
São Luís 6,72% 1,62%

Veja os destaques de 2023

No ano passado, a taxa do INPC ficou mais elevada em Belém devido às “altas do emplacamento e licença (28,69%) e da gasolina (15,16%)“, segundo o IBGE.

De modo diferente, “a menor variação ocorreu em São Luís (1,62%), cujo resultado foi influenciado pelo recuo nos preços das carnes (-12,59%) e do gás de botijão (-15,40%)“, informou o instituto.

O IBGE também revelou que os preços dos produtos alimentícios subiram apenas 0,33% em 2023, mantendo-se praticamente estável em relação a 2022. Inclusive, o resultado foi completamente diferente do observado no ano anterior, quando os preços destes alimentos disparou 11,91%.

Por outro lado, os produtos não alimentícios ficaram mais caros em 2023, com seus preços acelerando em relação ao ano anterior. Enquanto os valores subiram 4,08% em 2022, o avanço no ano passado foi levemente maior, de 4,83%.

Cada local possui um peso no INPC

A saber, cada local possui um peso na composição do INPC. Por ser a maior economia do país, São Paulo lidera a lista, respondendo por 24,60% da inflação medida pelo indicador.

Em seguida, ficam Belo Horizonte (10,35%), Rio de Janeiro (9,38%), Salvador (7,92%), Curitiba (7,37%) e Porto Alegre (7,15%). Portanto, a inflação registrada nestes locais exerce uma influência nacional bem expressiva.

Em contrapartida, a variação registrada em Rio Branco, por exemplo, não impacta de maneira significativa a taxa nacional, visto que o local tem peso de apenas 0,72% na composição do INPC.

INPC x IPCA

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existe uma diferença sutil entre os dados do INPC e do IPCA e apenas se refere ao uso do termo “amplo”.

De um lado, “o IPCA engloba uma parcela maior da população. Ele aponta a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal de 1 e 40 salários mínimos“, segundo o IBGE.

Por sua vez, “O INPC verifica a variação do custo de vida médio apenas de famílias com renda mensal de 1 a 5 salários mínimos. Esses grupos são mais sensíveis às variações de preços, pois tendem a gastar todo o seu rendimento em itens básicos, como alimentação, medicamentos, transporte etc.”, informa o IBGE.

Segundo o gerente do IPCA, André Almeida, “o resultado acumulado do ano do INPC ficou abaixo do IPCA principalmente por conta do maior peso que o grupo alimentação e bebidas tem dentro da cesta“.