O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,12% em julho, após cair 0,08% no mês anterior. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela pesquisa, divulgou os dados nesta sexta-feira (11). A propósito, o IPCA é a inflação oficial do Brasil.
O resultado veio acima do esperado pelos analistas do mercado financeiro, cuja média das projeções apontava para uma alta de 0,08% em julho. Isso aconteceu, principalmente, por causa dos preços da gasolina, que subiram significativamente no mês passado, corroendo ainda mais a renda dos brasileiros.
Com o acréscimo do resultado de julho, a variação acumulada pelo IPCA nos últimos 12 meses voltou a ganhar força, passando de 3,16% para 3,99%.
O termo inflação se refere ao aumento geral nos preços de bens e serviços em uma economia. Assim, quando a taxa inflacionária sobe, o dinheiro passa a comprar menos bens e contratar menos serviços, pois o aumento da inflação reduz o poder de compra do consumidor.
No entanto, quando ocorre o contrário, tem-se deflação. Este termo se refere à redução nos preços de produtos e serviços no país. Em 2023, apenas junho registrou deflação. Nos demais meses, os preços só fizeram subir no Brasil.
Cabe salientar que alguns analistas afirmam que deflação só ocorre quando a queda dos preços fica generalizada. Quando isso não ocorre, eles entendem o resultado como uma queda da inflação, e não deflação em si.
De todo modo, o principal objetivo do IPCA é “medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias, cujo rendimento varia entre 1 e 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos”, segundo o IBGE.
O IBGE revelou que cinco dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados registraram alta em seus preços em julho, indicando um resultado bastante equilibrado entre reduções e avanços dos preços. Contudo, a alta mais intensa foi registrada justamente pelo item de maior peso no IPCA.
Em suma, a gasolina é o subitem de maior peso individual no índice (4,79%) e seu preço subiu 4,75% em julho, impactando o IPCA em 0,23 ponto percentual (p.p.). O resultado impulsionou a taxa do grupo transportes, que teve a maior influência na inflação do mês passado.
Confira abaixo a variação registradas pelos grupos pesquisados pelo IBGE:
O IBGE também destacou que o preço geral dos combustíveis subiu 4,15% em julho. Além da gasolina, também registraram alta o gás veicular (3,84%) e o etanol (1,57%). Por outro lado, o óleo diesel ficou ficou 1,37% mais barato no mês, limitando um pouco a alta do grupo transportes. Aliás, o grupo impactou o IPCA em 0,31 p.p.
Em síntese, os preços da gasolina subiram em julho devido à reoneração dos combustíveis. O governo Lula (PT) prorrogou por quatro meses a desoneração parcial sobre esses combustíveis, até o final de junho, mas retomou a cobrança integral de tributos federais PIS/Pasep e Cofins sobre a gasolina e o etanol no início de julho.
Isso elevou o preço da gasolina em todo o país. Inclusive, o combustível não ficou ainda mais caro graças à Petrobras, que vem promovendo reduções nos valores da gasolina nos últimos meses. O último reajuste, de 12 centavos, ocorreu no dia 1º de julho, quando a reoneração dos combustíveis entrou em vigor.
Embora a gasolina tenha ficado mais cara, pressionando a inflação em julho, dois grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE ajudaram a reduzir a variação mensal. A queda mais importante veio do grupo habitação (-0,16 p.p.), principalmente por causa da queda de 3,89% nos preços da energia elétrica residencial.
“O resultado foi por conta da incorporação do Bônus de Itaipu, creditado integralmente nas faturas emitidas no mês de julho“, explicou André Almeida, gerente da pesquisa. Os maiores recuos ocorreram em São Paulo (-5,54%) e Porto Alegre (-4,51%).
O segundo maior impacto negativo foi provocado pelo grupo alimentação e bebidas (-0,10 p.p.). Em resumo, os preços da alimentação no domicílio caíram 0,72% no mês, puxando a taxa do grupo para baixo.
Os itens que se destacaram no mês foram feijão-carioca (-9,24%), óleo de soja (-4,77%), frango em pedaços (-2,64%), carnes (-2,14%) e leite longa vida (-1,86%). “De maneira geral, podemos dizer que essas quedas estão relacionadas a uma maior oferta dos produtos“, disse Almeida.