De acordo com um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), mais de 90% dos brasileiros mudaram seus hábitos de consumo por conta da inflação no Brasil. O estudo foi elaborado pela Euroconsumers e encaminhado em primeira mão à CNN.
Segundo informações divulgadas pela Proteste, uma das principais mudanças feitas pelos cidadãos brasileiros está relacionada ao uso de energia elétrica e água, além de hábitos relacionados à mobilidade e alimentação. O estudo mostra que mais de 40% dos entrevistados declaram possuir dificuldades em pagar as contas de luz e de gás.
Nesse sentido, uma das soluções adotadas por 70% dos entrevistados é desligar aparelhos eletrodomésticos e usá-los com menos frequência, com o intuito de economizar energia. Ademais, 41% afirmaram fazer racionamento de água tomando menos banhos ou banhos mais curtos.
A inflação no valor da energia elétrica
O economista do Ibmec-RJ, Gilberto Braga, disse à CNN que a mudança de hábitos dos brasileiros também foi influenciada pelo aumento no preço da energia elétrica, decorrente da bandeira “Escassez Hídrica”. Essa bandeira vigorou entre setembro de 2021 a abril deste ano.
“As contas de água, de luz e de gás são números que estão na mira dos brasileiros nesse momento que precisam cortar custos. E a pandemia ajudou nisso de certa forma, com o acesso à internet sobre medidas de racionamento para poupar o uso desses recursos e, assim, reduzir o impacto nos gastos”, avalia.
O economista ainda informou que a sobretaxa na conta de luz acabou conscientizando os brasileiros da necessidade de um uso mais econômico e racional da energia, tendo em vista o aumento dos custos por conta da inflação.
O alta no preço dos combustíveis
A inflação no preço dos combustíveis como gasolina, etanol e diesel também tem mudado hábitos de mobilidade dos cidadãos. A pesquisa enviada com exclusividade à CNN constatou que 44,5% dos brasileiros passaram a andar menos de carro por conta da alta no preço dos combustíveis.
Nesse sentido, 33% dos entrevistados afirmaram que passaram a utilizar a bicicleta como meio de transporte. Os transportes públicos também foram citados pelos entrevistados como uma forma de evitar gastos com mobilidade.
Cidadãos também mudam hábitos alimentares
Além dos gastos com contas básicas (água/energia) e mobilidade, a inflação no preço dos alimentos também tem pesado bastante no bolso dos brasileiros. Sendo assim, quase metade dos entrevistados pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor afirmaram ter diminuído o consumo de carne bovina, frango e peixe para reduzir os custos. Outra solução encontrada pelos entrevistados tem sido a escolha de marcas mais baratas.
Para Henrique Lian, diretor da Proteste, os comerciantes têm recorrido a uma estratégia chamada “reduflação”. Essa estratégia reduz os produtos e mantém o preço, com o intuito de não assustar os consumidores. Para Lian, “os cortes de gastos nos alimentos são os mais cruéis”.
“Sabemos que a população mais impactada por esse aumento é a mais pobre, porque os alimentos representam boa parte da sua renda. Quando falamos da energia, por exemplo, as pessoas de classe alta também fazem cortes, diminuem uso de luz, de ar-condicionado. Mas quando o assunto são os alimentos, é muito provável que as pessoas mais ricas não deixem de consumir a carne e essa tendência se concentre entre os mais pobres”, disse o diretor da Proteste sobre a inflação no preço dos alimentos.