A previsão para inflação só vem aumentando e já atingiu 6,59%, mesmo com o primeiro semestre ainda não terminado. Esse é o décimo aumento seguido na projeção da inflação para 2022. Isso é o que mostra a projeção do Boletim Focus, divulgada hoje (21) pelo Banco Central.
Para se ter uma ideia do quanto a perspectiva é assustadora, há uma semana, a projeção do mercado era de que a inflação este ano ficasse em 6,45%. Há um mês, a previsão era de 5,56%. Como se não bastasse, o crescimento da economia ainda não é significativo e saiu de 0,49% para 0,50%, ou seja, abaixo de 1%.
Em outras palavras, os produtos vão continuar subindo e ficando mais caros, com a previsão de inflação só aumentando e o PIB diminuindo. Divulgado semanalmente, o Boletim Focus reúne a projeção de cerca de 100 instituições do mercado para os principais indicadores econômicos do país.
Já em relação ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) , a projeção também é assustadora: a projeção do índice subiu de 3,71% para 3,75% em menos de uma semana. Há um mês, a projeção era de uma inflação de 3,5% no próximo ano. Para 2024, o mercado manteve a estimativa da semana passada que projetou uma inflação de 3,15%.
O valor de 6,45% previsto para inflação de 2022 é mais que a meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (3,5%). O valor não consegue alcançar sequer a tolerância da margem que é estipulada em 1,5% para cima ou para baixo. Assim, com a margem a inflação poderia ficar entre 2 e 5 pontos percentuais.
Desta forma, se a inflação de 2022 estimada pelo Boletim Focus se concretizar, o presidente do Banco Central deverá fazer uma carta aberta para explicar a situação. O mesmo aconteceu no ano passado. Mesmo num cenário ruim, o presidente Jair Bolsonaro (PL) minimizou os resultados,
A inflação 2022 não é apenas um indicador econômico, mas afeta o dia a dia da população que deve conviver com a alta dos preços, enquanto o salário não aumenta, reduzindo assim o poder de compra final.
Como já dito, enquanto a inflação 2022 deve aumentar, o PIB deve subir menos de 1% em 2022. Os valores aumentaram de forma irrisória de uma comparação com a outra.
O PIB é importante indicador e serve como um indicativo para a retomada da economia. Ele mede, por exemplo, a produção de bens e serviços produzidos no país. Com queda histórica de 4,1% em 2020, o PIB do Brasil saiu do ranking das 10 maiores economias do mundo.
Neste cenário, o ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a admitir que os “barulhos políticos” atrapalham o cenário, ele também revelou o que achou sobre algumas das recentes falas do presidente Bolsonaro. Na ocasião, mesmo diante do cenário caótico da inflação subindo desenfreadamente, o ministro continuou apostando na “retomada da economia em V”.