O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje (11) dados referentes ao IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que registrou uma alta de 0,73% em dezembro, acumulando aumento de 10,06% em 2021. É a maior taxa de inflação acumulada no ano desde 2015, quando o IPCA foi de 10,67%.
Vale ressaltar que a meta para a inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), foi de 3,75% para 2021, com intervalo de tolerância de 1,5% para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2,25% e o superior de 5,25%. Para 2022 e 2023, as metas são 3,5% e 3,25%, respectivamente, também com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Entretanto, a inflação oficial ficou muito acima do centro da meta de 3,75% definida pelo CMN para o ano passado, cujo teto era 5,25%.
De acordo com o IBGE, o resultado foi influenciado principalmente pelo grupo transportes (muito por conta dos combustíveis), que variou 21,03% no acumulado do ano. Em seguida vieram habitação, com alta de 13,05%, e alimentação e bebidas, que aumentou 7,94% no ano passado.
Gasolina é a principal “vilã”
De acordo com dados referentes ao IPCA divulgados pelo IBGE no início do último mês de dezembro, foi registrado um acúmulo de 10,74% em um período de 12 meses. Segundo um levantamento feito pelo André Braz, coordenador dos índices de preços do Ibre-FGV, aponta que a gasolina foi o principal produto afetado por essa inflação.
O combustível sozinho apresentou uma alta de mais de 50% no período referente aos 12 meses da análise, o que significa um aumento de 2,49 pontos percentuais no IPCA. Ele é seguido pela energia elétrica residencial, com uma variação acumulada de 31,87%, e do etanol, que subiu 69,4%.
A explicação que a própria Petrobras deu para o aumento dos preços dos combustíveis está em vários fatores, mas, principalmente, no valor do petróleo e no câmbio. “ Os ajustes refletem também parte da elevação nos patamares internacionais de preços de petróleo, impactados pela oferta limitada frente ao crescimento da demanda mundial, e da taxa de câmbio”, afirma a empresa.
A relação entre a inflação e taxa Selic
O principal instrumento utilizado pelo BC para tentar atingir a meta de inflação anual, é a taxa básica de juros, a Selic, definida em 9,25% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom), na última reunião de 2021.
Para o fim deste ano, a estimativa é de que a taxa básica chegue a 11,50% ao ano (na semana passada a estimativa era de 11,25%). E para 2023 e 2024, a previsão é de Selic em 8% ao ano e 7% ao ano, respectivamente.
O objetivo da taxa Selic ser aumentada pelo Copom, é de conter a alta demanda, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Todavia, quando o Copom reduz a Selic, a intenção é exatamente ao contrário, ou seja, o crédito fica mais barato, e aumenta o incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.