Impulsionada pelo preço dos alimentos, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação do Brasil, terminou o ano de 2020 registrando alta de 4,52%. A meta inicial era de 4%. Ou seja, a inflação cresceu 0,52% a mais do que o esperado.
O resultado não é animador, pelo contrário. A alta é a maior registrada desde 2016, quando o índice atingiu 6,29%, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A última pesquisa Focus do Banco Central, divulgada ainda na segunda-feira (11) esperava que o índice de inflação fosse de 4,37%. Ou seja, o resultado está maior do que o esperado.
Mesmo assim, a expectativa do mercado para o IPCA segue acima da meta central de inflação, de 4% para 2020. Porém ainda está dentro da tolerância prevista pelo Conselho Monetário Nacional (CMN): uma oscilação de 2,5% a 5,5%.
No ano de 2019, a inflação também ficou acima da meta. Era esperado que atingisse no máximo 4,25%, porém fechou o ano em 4,31%.
Alimentos tiveram maior alta em 2020
Os alimentos foram os principais responsáveis pelo resultado da inflação do ano passado. Os valores atingiram um aumento histórico de 14,9%. Este patamar não era tingido desde 2002, quando a inflação para esta categoria ficou em 19,47%.
Para se ter uma ideia, os alimentos foram responsáveis por quase metade do resultado da inflação, com um impacto de 2,73 pontos percentuais sobre o índice geral. Os dados são do IBGE.
O óleo de soja (+103,79%) e o arroz (+76,01%) foram os alimentos que mais pesaram no bolso dos brasileiros. Em sequência figuraram a batata-inglesa (+67,27%), tomate (+52,76%), leite longa vida (+26,93%), frutas (+25,40%) e carnes (+17,97%).
Após a limentação a habitação registrou maior alta, com 5,25%. Esse aumento foi influenciado pela alta do custo da energia (9,14%).
“Tivemos dez meses consecutivos de bandeira tarifária verde, e em dezembro a gente teve a bandeira tarifária vermelha patamar 2, que tem custo adicional de R$ 6,24 a cada 100 kw/h consumidos. Essa mudança tarifária contribuiu bastante para esse resultado de alta de 9,34% no mês da energia elétrica”, destacou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.
Veja os itens por setor:
- Alimentação e bebidas: 14,09%
- Habitação: 5,25%
- Artigos de residência: 6%
- Vestuário: -1,13%
- Transportes: 1,03%
- Saúde e cuidados pessoais: 1,5%
- Despesas pessoais: 1,03%
- Educação: 1,13%
- Comunicação: 3,42%
- Vestuário: -1,13%
O único item que apresentou queda foi o vestuário, também impulsionado pela reações de compra devido a pandemia do Covid-19. “Por conta do isolamento social, as pessoas ficaram mais em casa, o que pode ter diminuído a demanda por roupas. Tivemos quedas em roupas femininas (-4,09%) e masculinas (-0,25%) e infantis (-0,13%), calçados e acessórios (-2,14%). A única exceção foram joias e bijuterias (15,48%), por causa da alta do ouro”, destacou ao G1, o analista do IBGE André Almeida.