Índice de fome aumenta em lares chefiados por mulheres, diz pesquisa
De acordo com nova pesquisa, em lares chefiados por mulheres a fome aumentou nos últimos anos. Confira os números
Os lares chefiados apenas por mulheres viram os índices de fome saltarem no Brasil. É o que indicam os dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan). Segundo o levantamento, entre os anos de 2020 e 2021, a falta de comida nestes lares foi de uma taxa de 11,2% para 19,3%.
O levantamento mostra ainda que os lares onde residem crianças menores de 10 anos de idade também viram um saldo nos índices de fome e de insegurança alimentar nos últimos anos. Neste grupo, a fome passou de 9,4% em 2020 para 18,1% em 2021. A situação é particularmente mais grave na região Norte, que apresenta uma taxa de 51,9% de residências com crianças nesta faixa de idade em insegurança alimentar.
Os dados acima viraram um argumento para as pessoas que defendem que as famílias comandadas por mães solo precisam de uma ajuda a mais para enfrentar os problemas da pobreza. Durante os pagamentos do Auxílio Emergencial entre os anos de 2020 e 2021, este grupo recebia um valor maior do que os demais usuários.
Entretanto, o sistema não seguiu para os repasses do programa Auxílio Brasil. O projeto social que substituiu o antigo Bolsa Família não faz nenhum tipo de diferenciação entre as pessoas que comandam uma família. Assim, independente do gênero, da quantidade de integrantes e da idade das crianças, o valor base de R$ 600 é o mesmo.
Alguns candidatos na disputa presidencial deste ano prometem realizar algumas mudanças para este público. O ex-presidente Lula (PT), por exemplo, promete dobrar o valor para as mães solo. Assim, elas poderiam receber R$ 1,2 mil por mês. O atual presidente Jair Bolsonaro (PL) fez esta mesma sinalização no Programa do Ratinho nesta semana.
33,1 milhões com fome
Quando se considera os números por uma perspectiva mais geral, a Rede Penssan indica que o Brasil conta com 33 milhões de pessoas passando fome. Contudo, o número de famílias que não têm garantias em relação à comida é maior: 125 milhões.
A pesquisa aponta que cerca de metade da população brasileira precisa adotar estratégias para escolher o que comer, ou que precisam abrir mão de pelo menos uma das três principais refeições diárias. É o que se chama de situação de insegurança alimentar.
Situação por região
O Norte é a região do país mais afetada pelas condições da fome. Considerando os dados dos sete estados que compõem a região, é possível dizer que 45% da população está em situação de vulnerabilidade alimentar.
No Nordeste o número é um pouco menor, mas não menos alarmante. Considerando os dados dos nove estados da região, 38% da população está em situação de insegurança alimentar. São quase quatro em cada 10 habitantes.
Escolaridade
A pesquisa aponta ainda que a fome é uma realidade em 22% das casas com chefes de famílias com até quatro anos de estudo. Já nas residências onde os chefes possuem mais de oito anos de estudo, a situação muda. Neste grupo, estima-se que a segurança alimentar completa esteja presente nas casas de 50%.
Há também uma diferença crucial em relação aos dados da informalidade. A pesquisa registrou um aumento em casas chefiadas por pessoas que trabalham informalmente. Neste caso, a taxa de famílias atingidas passou de 14,3% para 20,3%