O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) caiu pelo segundo mês seguido, ligando o sinal de alerta no país. O índice de emprego recuou 0,5 ponto em setembro, para 76,4 pontos. Esse é o menor patamar do indicador desde maio deste ano (74,6 pontos), ou seja, em quatro meses.
Ao considerar a média móvel trimestral, o IAEmp se manteve praticamente estável, registrando uma queda leve de 0,1 ponto. Isso aconteceu devido ao avanço de julho (1,2 ponto), que foi suficiente para limitar a queda acumulada em agosto e setembro.
Cabe salientar que o mercado de trabalho brasileiro enfrentou muitos desafios nos últimos anos. Em resumo, a pandemia da covid-19 impactou diversos setores econômicos e provocou a perda de milhões de empregos em todo o planeta, inclusive no Brasil. E foi nesse período que o IAEmp caiu para o menor nível da série histórica.
Veja o impacto da pandemia no mercado de trabalho
Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia da covid-19. Isso provocou uma queda histórica do IAEmp em abril, mês em que o indicador de emprego caiu para 39,7 pontos, menor nível já registrado em toda a série histórica.
No ano de 2021, o índice recuperou um pouco das perdas, mas, em 2022, o saldo voltou a ficar negativo, com o IAEmp caindo 7,1 pontos em relação ao ano anterior. Em outras palavras, o mercado de trabalho brasileiro ficou em uma situação pouco favorável em 2022, mas o saldo de 2023 está se mostrando mais positivo que o do ano passado.
Apesar da melhora neste ano, os recuos em agosto e setembro fizeram o indicador ficar ainda mais abaixo do patamar observado em fevereiro de 2020 (92,0 pontos), último mês antes da decretação da pandemia da Covid-19. Isso quer dizer que o IAEmp ainda não conseguiu recuperar todas as perdas provocadas pela crise sanitária e continua em nível muito baixo.
O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), responsável pela pesquisa, divulgou os dados nesta semana.
Indicador deve enfrentar mais desafios no 4º trimestre
Segundo Rodolpho Tobler, economista do FGV Ibre, o resultado dos últimos meses mostra que o indicador de emprego deverá enfrentar mais desafios no último trimestre deste ano. Inclusive, o patamar do índice continua historicamente baixo, e deverá se manter assim nos próximos meses, com variações pouco significativas.
“O resultado de setembro mantém a trajetória de oscilação do IAEmp nos últimos meses. A trajetória do indicador ao longo do ano é positiva, mas sua retomada vem perdendo força. Mesmo com alguns sinais positivos do ambiente macroeconômico, os efeitos na atividade e consequentemente no mercado de trabalho não devem ser tão imediatos“, explicou Tobler.
“A desaceleração econômica, especialmente em atividades intensivas no fator trabalho contribuem para esse ritmo mais fraco do indicador, que deve permanecer assim até que elas reajam de maneira mais efetiva“, acrescentou o economista.
Cinco dos sete componentes do indicador caem
De acordo com os dados do levantamento, cinco dos sete componentes do IAEmp caíram no mês passado, puxando o indicador para baixo. Veja abaixo a variação de cada componente em setembro de 2023:
- Indústria – Situação Atual dos Negócios: -0,1 ponto;
- Indústria – Tendência dos Negócios: 0,3 ponto;
- Indústria – Emprego Previsto: -0,3 ponto;
- Serviços – Situação Atual dos Negócios: -0,2 ponto;
- Serviços – Tendência dos Negócios: -0,2 ponto;
- Serviços – Emprego Previsto: 0,3 ponto;
- Consumidor – Emprego Local Futuro: -0,4 ponto.
Em síntese, os dados mostram que o emprego previsto encolheu na indústria, mas cresceu no setor de serviços. Por outro lado, o componente referente à tendência de negócios cresceu na indústria, mas encolheu nos serviços. Em outras palavras, não há uma definição sobre os próximos dados do índice.
A proposito, o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) se baseia em dados das Sondagens da Indústria, de Serviços e do Consumidor. Em suma, ele pode antecipar as direções tomadas pelo mercado de trabalho no Brasil, possuindo relação positiva com o nível de emprego do país.
Desemprego recua no Brasil
Apesar da queda do indicador de emprego da FGV em setembro, os números mais recentes do mercado de trabalho brasileiro foram bastante positivos. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada pelo IBGE, a taxa de desocupação caiu para 7,8% no trimestre móvel de junho a agosto deste ano.
Em resumo, esse foi o melhor resultado desde o trimestre encerrado em fevereiro de 2015, o que evidencia os grandes resultados conquistados nos primeiros meses do governo Lula.
A saber, a população desocupada totalizou 8,4 milhões de pessoas no período, o que representa queda de 5,9% em relação ao trimestre móvel anterior (menos 528 mil pessoas) e de 13,2% em um ano (menos 1,3 milhão de pessoas desocupadas).
Esses dados mostram que o mercado de trabalho parece estar se recuperando em 2023. Os brasileiros torcem para que a tendência de melhora continue ao longo do ano.