O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) caiu pelo segundo mês consecutivo. Os resultados sucederam outros dois meses de alta, período em que o índice chegou a 76,4 pontos.
Em maio, o indicador de emprego recuou 0,4 ponto, para 75,3 pontos. Esse patamar segue mais baixo desde o final de 2022, quando o IAEmp recuou de maneira mais intensa. Aliás, nos últimos anos, o mercado de trabalho brasileiro enfrentou fortes impactos.
Em resumo, a pandemia da covid-19 impactou diversos setores econômicos e provocou a perda de milhões de empregos em todo o planeta, inclusive no Brasil. E foi nesse período que o IAEmp caiu para o menor nível da série histórica.
Para quem não lembra, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia em março de 2020, e, no mês seguinte, o indicador caiu para 39,7 pontos. Esse foi o menor nível já registrado pelo IAEmp em toda a série histórica.
Em 2021, o índice recuperou um pouco das perdas, mas, em 2022, o saldo voltou a ficar negativo, com o IAEmp caindo 7,1 pontos em relação ao ano anterior. Em outras palavras, o mercado de trabalho brasileiro ficou em uma situação pouco favorável em 2022, e o saldo de 2023 também não está positivo.
Cabe salientar que o indicador continua bem distante do patamar observado em fevereiro de 2020 (92,0 pontos), último mês antes da decretação da pandemia da Covid-19. De lá para cá, o IAEmp não conseguiu recuperar todas as perdas da crise sanitária e ainda está em um nível muito baixo.
O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), responsável pela pesquisa, divulgou os dados nesta semana.
Indicador mantém estabilidade
De acordo com Rodolpho Tobler, economista do FGV Ibre, os dados de maio não apontam para uma trajetória de queda. Embora o resultado negativo seja o segundo consecutivo, a fraca variação ainda não confirma a tendência de recuo do indicador.
Em suma, o IAEmp registrou resultados positivos em fevereiro e março. Isso mostra que o indicador já mostrou o início de uma recuperação, mas isso não se manteve em abril e maio. Ainda assim, os recuos foram leves e também não indicam que haverá novas taxas negativas nos próximos meses.
“O IAEmp voltou a cair em maio e mantém sua oscilação em torno do patamar de 75 pontos. Depois de uma desaceleração mais forte no final de 2022, o indicador parece se manter estável em um patamar mais baixo“, disse o economista.
“O resultado sugere que o mercado de trabalho não deve retomar a tendência favorável observada em 2022, mas que também não deve ter pioras expressivas“, acrescentou.
Nos últimos anos, a pandemia enfraqueceu o indicador no país, prejudicando o mercado de trabalho. No entanto, em 2023, as dificuldades envolvendo a atividade econômica brasileira estão figurando como o principal fator que limita a recuperação do IAEmp.
“A retomada da atividade econômica se torna fundamental para uma recuperação do emprego“, avaliou o economista.
Quatro dos sete componentes do indicador caem
De acordo com os dados do levantamento, quatro dos sete componentes do IAEmp caíram no mês passado. Veja abaixo a variação de cada componente em maio de 2023:
- Indústria – Tendência dos Negócios: -0,7 ponto;
- Indústria – Emprego Previsto: -0,3 ponto;
- Indústria – Situação Atual dos Negócios: -0,3 ponto;
- Serviços – Tendência dos Negócios: +0,3 ponto;
- Serviços – Emprego Previsto: +0,2 ponto;
- Serviços – Situação Atual dos Negócios: -0,6 ponto;
- Consumidor – Emprego Local Futuro: +1,0 ponto.
Em resumo, os dados mostram que o emprego se fortaleceu com mais intensidade para o consumidor em maio, subindo também para o setor de serviços. Por outro lado, o componente de emprego previsto para a indústria recuou no mês.
Aliás, o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) se baseia em dados das Sondagens da Indústria, de Serviços e do Consumidor. Em suma, ele pode antecipar as direções tomadas pelo mercado de trabalho no Brasil, possuindo relação positiva com o nível de emprego do país.
Desemprego se mantém estável no Brasil
Embora o indicador de emprego da FGV tenha recuado pelo segundo mês consecutivo, os dados sobre o mercado de trabalho brasileiro se mantiveram estáveis no trimestre móvel de fevereiro a abril deste ano.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada pelo IBGE, a taxa de desocupação ficou em 8,5% no período. Em síntese, esse foi o melhor resultado para o trimestre móvel desde 2015, quando a taxa ficou em 8,1%.
A saber, a população desocupada totalizou 9,1 milhões de pessoas no período, o que representa estabilidade em relação ao trimestre móvel anterior e queda de 19,9% em um ano (menos 2,3 milhões de pessoas desocupadas).
Esses dados mostram que ainda há muitos desafios a serem enfrentados no país, mas os resultados animaram os trabalhadores do país. Resta torcer para que o mercado de trabalho brasileiro tenha força para superar os desafios de 2023.