Os brasileiros que pagam aluguel receberam uma notícia negativa nesta segunda-feira (30). A saber, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), popularmente conhecido como inflação do aluguel, subiu pelo segundo mês consecutivo.
Em resumo, o IGP-M teve alta de 0,50% em outubro, após subir 0,37% no mês anterior. Os resultados sucederam cinco meses de queda, período em que os consumidores do país aproveitaram preços cada vez mais acessíveis dos alugueis.
Aliás, os últimos meses de 2022 já mostravam desaceleração do IGP-M, com a inflação do aluguel apresentando variações bem modestas. No início deste ano, os preços do setor continuaram desacelerando, até que começaram a cair em abril, algo que se repetiu até agosto. Entretanto, o indicador mudou a trajetória e voltou a subir no país.
A propósito, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), responsável pelo levantamento, divulgou os dados nesta segunda-feira (30).
Em síntese, o IGP-M funciona como um indexador de contratos, incluindo os de locação de imóveis. No entanto, o índice não fica limitado a aluguéis, pois também é utilizado para reajustes de contratos de tarifas públicas e seguros, por exemplo.
Além disso, o indicador também influencia mensalidades de escolas e universidades, tarifa de energia elétrica e planos de saúde. Em outras palavras, o IGP-M é muito importante para diversos segmentos da sociedade, influenciando-os de maneira direta.
Com o acréscimo do resultado de outubro, o índice passou a acumular uma queda de 4,46% em 2023 e de 4,57% nos últimos 12 meses. Isso quer dizer que os preços de locação de imóveis estão mais baratos neste ano, na comparação com 2022.
Aliás, o IGP-M acumulava uma forte alta de 6,52% nos últimos 12 meses até outubro de 2022, resultado bem diferente do atual. Logo, a população que vive de aluguel está se beneficiando em 2023 com preços mais acessíveis do que no ano passado.
Em suma, a variação do IGP-M se dá por três indicadores:
Em outubro, todos os três indicadores ficaram positivos, na comparação com setembro. Esse resultado continuou mantendo o IGP-M, no campo positivo, representando o aumento dos preços para os brasileiros.
Em resumo, o IPA exerce o maior impacto no IGP-M, respondendo por cerca de 70% do índice. Por isso, o indicador considerado a inflação do aluguel tende a apresentar variações semelhantes a do IPA.
Em outubro, o indicador subiu 0,60%, acelerando em relação a setembro, quando o indicador subiu 0,41%. O Coordenador dos Índices de Preços do FGV IBRE, André Braz, revelou que os preços ao produtor foram impulsionados, principalmente, por itens do grupo alimentação.
“A taxa do índice ao produtor continua em aceleração, influenciada pelo aumento nos preços de importantes commodities, como bovinos (de -10,11% para 6,97%), açúcar VHP (de -2,70% para 12,88%) e carne bovina (-4,55% para 3,85%)“, disse Braz.
Cabe salientar que o aumento dos preços de alimentos podem impactar a inflação referente aos consumidores. “Essas mudanças, que afetam parcialmente os itens que impactam os preços dos produtos finais no varejo, em breve contribuirão para atenuar a deflação observada no grupo Alimentação do IPC (de -0,60% para -0,39%)“, explicou o coordenador.
Da mesma forma que o IPA, o IPC também subiu em outubro. Contudo, a taxa do indicador não acelerou no mês e se manteve estável em relação a setembro, variando 0,27%.
Cinco das oito classes de despesas pesquisadas pelo FGV IBRE tiveram alta no mês, impulsionando o IPC. Em síntese, os grupos que registraram aceleração em suas taxas foram educação, leitura e recreação (-0,10% para 2,99%), saúde e cuidados pessoais (-0,11% para 0,21%), alimentação (-0,60% para -0,39%), vestuário (-0,08% para 0,15%) e despesas diversas (-0,04% para 0,06%).
Os itens que impulsionaram a taxa de cada um destes grupos foram, respectivamente: passagem aérea (-1,29% para 19,70%), artigos de higiene e cuidado pessoal (-1,31% para 0,09%), carnes bovinas (-2,41% para -1,01%), roupas femininas (-0,62% para 0,03%) e alimentos para animais domésticos (-0,49% para 0,24%).
Embora os preços do grupo alimentação não tenha subido, sua que foi menos intensa que a de setembro, e isso pode ter sido provocado pelo aumento dos preços ao produtor.
“Esta classe de despesa tem atuado como um elemento de estabilização, impedindo que a inflação ao consumidor acelere em 2023“, disse André Braz. Caso as variações deste grupo fiquem mais fortes, a taxa do IGP-M poderá se fortalecer ao longo dos meses.
Por fim, o terceiro indicador que compõe o IGP-M registrou leve desaceleração em outubro, mas ainda ajudou a impulsionar o IGP-M no mês. Contudo, este é o componente que exerce a menor influência na inflação do aluguel.
A saber, o INCC variou 0,20% em outubro, desacelerando em relação a setembro (0,24%). Em suma, o resultado do indicador foi enfraquecido pela variação de um dos três grupos componentes do INCC. As oscilações foram as seguintes: materiais e equipamentos (0,04% para 0,07%), serviços (0,38% para 0,79%) e mão de obra (0,48% para 0,29%).