O Ibovespa conseguiu fugir do tombo na véspera (5) graças às ações da Petrobras, que dispararam no dia. Contudo, o risco inflacionário global falou mais alto na sessão desta quarta-feira (6) e derrubou o indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira.
Na véspera do feriado da Independência do Brasil, o Ibovespa caiu 1,15%, a 115.985 pontos. Com isso, eliminou quase todos os ganhos acumulados em setembro e agora tem um saldo positivo de apenas 0,21%.
Já no acumulado de 2023, o Ibovespa reserva ganhos de 5,70%, o que evidencia a força do mercado acionário nos primeiros meses deste ano. O indicador chegou a acumular alta de mais de 11% entre janeiro e julho, mas o mês de agosto não foi bom para o mercado acionário nacional, que caiu em 18 dos 23 pregões realizados.
Aliás, o Ibovespa caiu por 13 pregões consecutivos em agosto, maior sequência de quedas já registrada na história. No entanto, as perdas acumuladas em agosto não foram tão altas quanto poderiam ter sido, visto que o indicador teve perdas de “apenas” 5,1%, queda considerada pequena para tantos recuos assim.
Risco inflacionário global derruba Ibovespa
Nesta quarta-feira (6), o mercado continuou repercutindo os impactos que o barril de petróleo poderá causar no Brasil. Em suma, a cotação do barril chegou ao maior nível em dez meses, atingindo US$ 90 por barril, marca que havia sido atingida pela última vez em meados de novembro de 2022.
Desde a decretação da pandemia da covid-19, em março de 2020, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+) vem cortando a sua produção de petróleo toda vez que a demanda global encolhe. O problema é que a entidade vem realizando mais cortes que o esperado, e isso preocupa o mundo.
Em suma, a Rússia e a Arábia Saudita iriam acabar com o corte da produção neste mês de setembro. Entretanto, os países decidiram postergar o corte até dezembro, e ainda há chances de novas decisões semelhantes, levando o corte de produção até o ano que vem.
Com a expectativa de uma produção mais limitada de petróleo, os preços do barril tendem a subir, assim como aconteceu ontem (5). Isso ligou o sinal de alerta nos investidores, pois os valores internacionais mais elevados pressionam a Petrobras a reajustar os preços dos combustíveis no Brasil.
Como estes itens impactam fortemente a inflação no país, o temor de uma nova aceleração da taxa inflacionária, que poderia impedir a queda dos juros no Brasil, fez os investidores buscarem ativos mais seguros, como os títulos norte-americanos, fortalecendo o dólar e enfraquecendo o mercado acionário, do qual faz parte o Ibovespa.
Preço elevado do barril de petróleo aumenta risco inflacionário no Brasil. Imagem: Pixabay.
Por que o aumento da inflação preocupa?
Inflação se refere ao aumento dos preços de produtos e serviços. Quando a taxa inflacionária está muito elevada, o Banco Central (BC) age para segurá-la, através do aumento dos juros.
Em síntese, quando os juros sobem no Brasil, puxam consigo as taxas dos mais diversos setores econômicos, como o bancário e o imobiliário. Assim, ocorre uma redução do poder de compra do consumidor, já que os juros ficam mais altos e eles precisam pagar mais caro por produtos e serviços. Como consequência, a economia esfria, e a redução da demanda faz os preços caírem.
Isso começou a acontecer neste ano no Brasil, com a inflação perdendo força e o BC promovendo o primeiro corte dos juros em três anos. Aliás, a expectativa é que haja mais reduções dos juros ao longo dos próximos meses, mas isso só acontecerá se a inflação não voltar a ganhar força no país.
Quanto os juros caem, a renda variável, da qual o Ibovespa faz parte, fica mais fortalecida. Isso acontece porque os juros mais elevados tornam a renda fixa mais atrativa, aumentando a sua rentabilidade. Quando ela perde atratividade, os investidores tendem a recorrer à renda variável, ou seja, os juros mais baixos ajudam o Ibovespa porque tornam a renda fixa menos vantajosa.
70 das 86 ações do Ibovespa caem na sessão
Na sessão de hoje, 70 das 85 ações listadas no Ibovespa caíram, enquanto apenas 15 papéis subiram e um se manteve estável. Esse resultado mostra que houve disseminação das quedas no dia.
Na véspera, as ações da Petrobras, que respondem por cerca de 11,6% da carteira do Ibovespa, dispararam mais de 3%. Já no pregão de hoje (6), as ações ordinárias (ON) subiram 0,49%, enquanto os papéis preferenciais (PN) tiveram alta de 0,45%.
Vale destacar que os acionistas preferenciais não têm qualquer controle ou poder de decisão sobre o futuro da empresa. No entanto, os acionistas ordinários podem exercer algum controle sobre a empresa.
Em suma, os preços elevados do barril de petróleo impulsionaram os papéis da companhia, apesar de terem derrubado a maioria das ações do Ibovespa nos dois últimos pregões.
Por fim, a carteira teórica mais famosa do país movimentou apenas R$ 16 bilhões nesta sessão, montante maior que a média diária de setembro, de R$ 15,4 bilhões.