Ibovespa recua levemente com temor de inflação mais alta no Brasil
Na sessão desta segunda-feira (4), o Ibovespa voltou a cair, após forte avanço no último pregão. O indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira, refletiu as preocupações do mercado com a inflação no Brasil.
Em resumo, o indicador caiu 0,10%, a 117.777 pontos. Com isso, reduziu os ganhos em setembro, para 1,76%. Aliás, o indicador disparou na última sexta-feira (1º) após o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no segundo trimestre, que surpreendeu o mercado.
Em 2023, o indicador reserva ganhos de 7,33%, o que evidencia a força do mercado acionário nos primeiros meses deste ano. O Ibovespa chegou a acumular alta de mais de 11% entre janeiro e julho, mas o mês de agosto não foi bom para o mercado acionário nacional, que caiu em 18 dos 23 pregões realizados. 121.942
A saber, o Ibovespa subiu em apenas cinco sessões de agosto. Inclusive, o indicador chegou a cair por 13 pregões consecutivos, maior sequência de quedas já registrada na história. Contudo, as perdas acumuladas em agosto não foram tão altas quanto poderiam ter sido, visto que o indicador teve perdas de “apenas” 5,1%, queda considerada pequena para tantos recuos assim.
Preocupação com inflação derruba Ibovespa
Nesta segunda-feira (4), os analistas do mercado financeiro elevaram as projeções para o crescimento do PIB brasileiro em 2023. Isso pode até parecer positivo, aliás foi isso o que impulsionou o Ibovespa na última sexta-feira (1º).
Contudo, após a euforia dos dados mais fortes que o esperado, o mercado começou a se preocupar com os efeitos colaterais do crescimento mais forte da economia brasileira.
Em suma, quanto mais forte a atividade econômica, maiores as chances de alta da inflação. Essa preocupação, envolvendo a taxa inflacionária, impediu que o Ibovespa subisse no pregão de hoje.
Por que inflação elevada preocupa?
Inflação se refere ao aumento dos preços de produtos e serviços. Quando a taxa inflacionária está muito elevada, o Banco Central (BC) age para segurá-la, através do aumento dos juros.
Em síntese, quando a taxa de juros sobe, os setores no geral, como o bancário e o imobiliário, também passam a apresentar taxas mais elevadas. Assim, reduz-se o poder de compra do consumidor, já que os juros ficam mais altos, e a economia acaba esfriando.
Com a redução da demanda, os preços tendem a cair. Isso começou a acontecer neste ano no Brasil, com a inflação perdendo força e o BC decidindo cortar os juros em 0,50 ponto percentual (p.p.). Aliás, a expectativa era de mais cortes ao longo dos meses.
Entretanto, como a economia brasileira está crescendo mesmo com os juros elevados, o BC poderá desacelerar o corte dos juros, pois há chances de aumento da inflação. E a renda variável, da qual o Ibovespa faz parte, fica mais fortalecida com os juros mais baixos.
Isso acontece porque os juros mais elevados tornam a renda fixa mais atrativa, aumentando a sua rentabilidade. Quando ela perde atratividade, os investidores tendem a recorrer à renda variável, ou seja, os juros mais baixos ajudam o Ibovespa porque tornam a renda fixa menos vantajosa.
47 das 86 ações do Ibovespa caem na sessão
Na sessão de hoje, 47 das 85 ações listadas no Ibovespa caíram, enquanto os 39 papéis restantes subiram. Esse resultado mostra que não houve disseminação das quedas no dia, mas um resultado bastante equilibrado. Por isso que o indicador recuou apenas 0,10% no pregão.
A carteira teórica mais famosa do país movimentou apenas R$ 9 bilhões nesta sessão, segundo menor valor do ano. Inclusive, o montante foi bem menor que a média diária de setembro, de R$ 14,4 bilhões. Isso aconteceu, principalmente, devido ao feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos.
A saber, as ações da mineradora Vale respondem por mais de 12% da carteira teórica do Ibovespa. Em resumo, estes papeis impactam de maneira significativa a variação do indicador. Nesta segunda-feira (4), as ações da mineradora subiram 0,74%, evitando uma queda mais intensa do indicador.
Por outro lado, as ações da Petrobras, que respondem por cerca de 12% da carteira do Ibovespa, caíram no pregão. Enquanto as ações ordinárias (ON) recuaram 1,37%, os papéis preferenciais (PN) caíram 1,04%.
A propósito, os maiores avanços do dia foram os seguintes:
- Minerva ON: 4,56%;
- IRB Brasil Resseguros ON: 3,72%;
- BRF S.A. ON: 3,31%;
- Assaí ON: 3,29%
Por fim, vale destacar que os acionistas preferenciais não têm qualquer controle ou poder de decisão sobre o futuro da empresa. No entanto, os acionistas ordinários podem exercer algum controle sobre a empresa.