O Ibovespa iniciou a semana em queda, influenciado pelo cenário internacional. Na sessão desta segunda-feira (25), o indicador recuou levemente, voltando a ficar abaixo dos 116 mil pontos, algo que não acontecia desde o último dia 6 de setembro, ou seja, em quase três semanas.
Em suma, o Ibovespa caiu 0,07%, a 115.925 pontos no pregão de hoje. Com o acréscimo deste resultado, o indicador reduziu ainda mais a alta acumulada em setembro, para 0,16%. Apesar do recuo, o resultado é bem melhor que o de agosto, quando o índice caiu mais de 5%.
No acumulado de 2023, o Ibovespa reserva ganhos de 5,64%, o que evidencia a força do mercado acionário. Aliás, o indicador chegou a acumular ganhos de mais de 11% entre janeiro e julho, mas caiu em 18 dos 23 pregões realizados em agosto, eliminando quase metade destes ganhos.
Vale destacar que foi em agosto que o Ibovespa teve a maior sequência de quedas já registrada na história, caindo por 13 pregões consecutivos. No entanto, as perdas acumuladas no mês foram de “apenas” 5,1%, queda considerada pequena para a quantidade de sessões no campo negativo.
Crise imobiliária na China preocupa investidores
Em resumo, o mercado acionário reflete o sentimento dos investidores. Hoje (25), o pessimismo prevaleceu com a aversão de risco devido às preocupações vindas da China. O Ibovespa até poderia ter fechado o dia em alta, mas o pessimismo com o futuro da China exerceu forte impacto no indicador, que não conseguiu subir na sessão.
A saber, o setor imobiliário é um dos principais setores que impulsionam a economia da China. Portanto, dados negativos relacionados a essa atividade causam preocupação em relação à força econômica chinesa, que é a segunda maior do planeta, atrás apenas dos Estados Unidos.
A crise imobiliária da China vem se desenhando desde 2021, ano em que a Evergrande, gigante do setor da construção civil, começou a apresentar problemas de liquidez. Nestes dois últimos anos, as ações da empresa encolheram significativamente. Aliás, a empresa ficou longe do mercado de ações por vários meses.
Esse cenário preocupante aconteceu por causa das dívidas bilionárias que a Evergrande possui. Inclusive, aumentando ainda mais as preocupações do mercado, a empresa anunciou o cancelamento de um plano de reestruturação da sua dívida de cerca de US$ 35 bilhões.
Já no domingo (24), a empresa disse estar impossibilitada de emitir novos títulos de dívidas. Em síntese, estes papeis que são usados para financiar parte dos pagamentos da empresa.
O problema fica ainda maior porque o setor imobiliário chinês está diretamente relacionado a diversos outros setores e produtos, como o minério de ferro. Assim, as preocupações com o setor acabam alcançando as outras atividades relacionadas, afetando o mercado acionário de diversos países, incluindo o do Brasil.
45 das 86 ações do Ibovespa caem na sessão
Na sessão de hoje (25), 45 das 85 ações listadas no Ibovespa caíram, enquanto 40 papéis subiram e um ficou estável. Esse resultado mostra o equilíbrio entre altas e quedas no dia, com o resultado do indicador não ficou tão negativo quanto poderia ter ficado.
A propósito, o Ibovespa é o indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira. Existem duas empresas muito importantes para o indicador, que concentram mais de um quarto das ações listadas na carteira teórica mais famosa do país. Por isso, os investidores ficam atentos a estas empresas para saber se o indicador vai subir ou cair na sessão.
A primeira empresa é a mineradora Vale, cujas ações respondem por cerca de 15% da carteira do Ibovespa. Como as preocupações cm a China afetaram a cotação do minério de ferro nesta segunda-feira (25), os papéis da mineradora refletiram esse pessimismo, caindo 2,06%, puxando o indicador para baixo.
Já a segunda empresa é a Petrobras, cujos papéis respondem por cerca de 11,6% da carteira do Ibovespa. Diferentemente da Vale, as ações preferenciais (PN) e ordinárias (ON) da Petrobras subiram 0,65% na sessão, ajudando a eliminar uma parte da queda das ações da mineradora. Contudo, isso não foi suficiente para tirar o indicador do campo negativo.
Em síntese, os acionistas preferenciais não têm qualquer controle ou poder de decisão sobre o futuro da empresa. No entanto, os acionistas ordinários podem exercer algum controle sobre a empresa.
Por fim, a carteira teórica mais famosa do país movimentou R$ 14 bilhões nesta sessão, 30% abaixo da média dos últimos 12 meses, de R$ 20 bilhões. Em setembro, a média está mais elevada, em R$ 15,9 bilhões.