Ibovespa CAI pela 3ª vez seguida; mercado espera decisão dos bancos centrais
O Ibovespa caiu pelo terceiro pregão seguido, após atingir o maior patamar em mais de um mês. Na sessão desta terça-feira (19), o indicador recuou, pressionado pelo cenário internacional, com os investidores aguardando uma decisão do Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, sobre a taxa de juros no país.
No pregão de hoje, o Ibovespa caiu 0,37%, a 117.846 pontos. Com o acréscimo deste resultado, o indicador reduziu a alta acumulada em setembro, para 1,82%. Apesar do recuo, o resultado é bem melhor que o de agosto, quando o índice caiu mais de 5%.
No acumulado de 2023, o Ibovespa reserva ganhos de 7,39%, o que evidencia a força do mercado acionário nos primeiros meses deste ano. Em síntese, o indicador chegou a acumular alta de mais de 11% entre janeiro e julho, mas caiu em 18 dos 23 pregões realizados em agosto, eliminando boa parte dos ganhos.
Inclusive, foi em agosto que o Ibovespa registrou a maior sequência de quedas já registrada na história, caindo por 13 pregões consecutivos. No entanto, as perdas acumuladas no mês foram de “apenas” 5,1%, queda considerada pequena para a quantidade de sessões em queda.
Taxa de juros no Brasil influencia Ibovespa
Nesta terça-feira (19), o Banco Central (BC) se reuniu para definir a taxa básica de juros da economia brasileira, a taxa Selic. Em síntese, a expectativa dos analistas do mercado financeiro é que haja um corte de 0,50 ponto percentual nos juros, assim como aconteceu no início de agosto. A decisão só deverá ser anunciada na quarta-feira (20).
A saber, a taxa de juros influencia a entrada de dinheiro de investidores nos países. Isso acontece porque, quanto maiores os juros, mais enfraquecida tende a ficar a economia do país, uma vez que os juros aumentam o custo de vida, promovendo uma redução do poder de compra do consumidor.
Embora tudo isso possa parecer negativo, os juros elevados funcionam como freio para a inflação, figurando como o principal instrumento dos bancos centrais para segurar a taxa inflacionária. O problema é que os juros elevados dificultam a vida da população e enfraquece a atividade econômica. Com isso, a inflação começa a cair.
Aliás, o termo inflação se refere ao aumento geral nos preços de bens e serviços em uma economia. Assim, quando a taxa inflacionária sobe, o dinheiro passa a comprar menos bens e contratar menos serviços, pois o aumento da inflação reduz o poder de compra do consumidor.
Para controlar a taxa inflacionária, os bancos centrais elevam os juros nos países, ação que também reduz o poder de compra do consumidor. Como o crédito fica mais caro, a demanda se enfraquece, desacelerando a economia, e isso ajuda a controlar a inflação, pois, quanto menor a procura, mais baixos os preços tendem a ficar.
Federal Reserve também define juros nos EUA
Nesta semana, o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, também se reuniu para definir a política monetária do país. A decisão deverá ser anunciada na quarta-feira (20), afetando a cotação do dólar ante as demais divisas.
Atualmente, a taxa de juros está no maior patamar em mais de 20 anos, e o Fed não descartou a possibilidade de aumentar ainda mais os juros. Entretanto, os analistas torcem para que a entidade mantenha os juros estáveis, e esse é o consenso geral do mercado.
Cabe salientar que, quanto mais altos os juros estiverem, mais enfraquecida fica a economia norte-americana, pois os juros elevados encarecem o crédito e elevam o custo de vida. Como consequência, os consumidores passam a gastar menos, e isso esfria a atividade do país, impactando vários outros países, já que os EUA são a maior economia global.
A propósito, os juros mais elevados aumentam a rentabilidade da renda fixa, e os investidores acabam deixando a renda variável, da qual o Ibovespa faz parte, e buscam ativos mais rentáveis. Quando os juros começam a cair, levam consigo a atratividade da renda fixa, e os investidores tendem a voltar para a renda variável.
61 das 86 ações do Ibovespa caem na sessão
Na sessão de hoje (19), 61 das 85 ações listadas no Ibovespa caíram, enquanto 24 papéis subiram e um ficou estável. Esse resultado reflete a disseminação das quedas no dia, mas o resultado do indicador não ficou tão negativo quanto poderia ter ficado.
Inclusive, existem duas empresas muito importantes para o Ibovespa, que concentram mais de um quarto das ações listadas na carteira teórica mais famosa do país. E os investidores ficam atentos a estas empresas para saber se o indicador vai subir ou cair na sessão.
A primeira empresa é a mineradora Vale, cujas ações respondem por cerca de 15% da carteira do Ibovespa. Nesta terça-feira (19), os papéis da mineradora subiram 0,19%, influenciando levemente o indicador de maneira positiva. Assim, conseguiu reduzir o recuo no dia.
Já a segunda empresa é a Petrobras, cujos papéis respondem por cerca de 11,6% da carteira do Ibovespa. Da mesma forma que a Vale, as ações preferenciais (PN) da Petrobras também subiram na sessão (0,23%), mas de maneira pouco expressiva. Já os papéis ordinárias (ON) ficaram estáveis na sessão.
Em síntese, os acionistas preferenciais não têm qualquer controle ou poder de decisão sobre o futuro da empresa. No entanto, os acionistas ordinários podem exercer algum controle sobre a empresa.
Por fim, a carteira teórica mais famosa do país movimentou R$ 17 bilhões nesta sessão, 15% abaixo da média dos últimos 12 meses. Em setembro, a média é ainda menor, de R$ 15,9 bilhões.