O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta semana a mais nova estimativa para a safra de grãos de 2023. Os dados mantiveram a trajetória positiva, iniciada em março, crescendo em relação à projeção anterior, após o IBGE iniciar o ano com estimativas menos animadoras.
De acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), a produção nacional de grãos, cereais, leguminosas e oleaginosas deve totalizar 307,3 milhões de toneladas neste ano.
A última estimativa apontava para uma safra de grãos de 305,4 milhões de toneladas em 2023. Isso quer dizer que as projeções para a colheita cresceram 0,6% em relação a maio, variação que corresponde a 1,9 milhão de toneladas.
Já na comparação com a safra obtida em 2022, a colheita neste ano terá um crescimento de 16,8%. Este percentual representa um aumento de 44,2 milhões de toneladas em relação à colheita brasileira do ano passado.
Vale destacar que essa estimativa do IBGE representa um recorde para a safra de grãos do Brasil. Aliás, o IBGE também prevê que as safras de soja e milho registrem os maiores níveis históricos em 2023, impulsionando assim a safra nacional de grãos.
Segundo o IBGE, a produção de soja deve totalizar 148,4 milhões de toneladas neste ano. Isso representa um crescimento de 24,1% na comparação com a safra de 2022. Inclusive, o aumento ficou tão expressivo assim devido às dificuldades enfrentadas em 2022, que tornaram enfraqueceram a base de comparação.
Já em relação ao milho, a estimativa do IBGE ficou em 124,5 milhões de toneladas. Em resumo, esse valor se divide nas duas safras do grão, com a 1ª safra devendo totalizar 28,1 milhões de toneladas e a 2ª safra chegar a 96,3 milhões de toneladas de milho. As novas projeções representam uma forte alta de 13% em relação à colheita de 2022.
O gerente da pesquisa, Carlos Barradas, explicou que há diversos fatores contribuindo para esse resultado. “Com exceção do Rio Grande do Sul, o clima tem estado muito bom, especialmente para os produtos de segunda safra como o milho, cuja produção cresceu muito“, disse.
“Outro fator é que o ano agrícola começou no período certo, não teve atraso no plantio da safra de verão, o que possibilitou uma colheita, especialmente da soja, no tempo certo“, acrescentou. A propósito, tanto a soja quanto o milho deverão ter os maiores volumes de colheita da série histórica.
O IBGE revelou que a colheita do trigo também deverá ser recorde em 2023. Em síntese, a estimativa para a produção do grão chegou a 10,6 milhões de toneladas, o que corresponde a um crescimento de 0,3% em relação às projeções anteriores do IBGE e de 5,8% na comparação com 2022.
No ano passado, o Brasil colheu a maior safra de trigo da história, e poderá bater um novo recorde caso as condições climáticas estejam favoráveis. A saber, a produção nacional de trigo vem crescendo nos últimos tempos devido a forte alta dos preços internacionais por causa da guerra da Rússia e da Ucrânia.
“Mas ainda dependemos que o clima ajude, pois existe uma previsão do fenômeno El niño, que pode provocar secas, especialmente no Sul do país“, disse Barradas.
Além disso, o IBGE revelou que, entre as regiões do país, apenas o Sul apresentou estabilidade em suas estimativas frente o prognóstico anterior. Por sua vez, houve alta nas projeções das regiões Norte (2,8%), Centro-Oeste (0,9%), Sudeste (0,4%) e Nordeste (0,1%).
Já na comparação com a safra de 2022, todas as regiões brasileiras tiveram resultados positivos. Em suma, o maior avanço anual deverá ser registrado pelo Sul (26,9%), seguido por Centro-Oeste (16,9%), Norte (16,6%), Sudeste (4,7%) e Nordeste (3,4%).
Segundo o Instituto, o Centro-Oeste deverá concentrar 49,7% da produção nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas. Em segundo lugar, com uma taxa quase duas vezes menor, deverá ficar o Sul (27,1%), seguido por Sudeste (9,5%), Nordeste (8,6%) e Norte (5,1%).
No que se refere às unidades federativas (UFs), o Mato Grosso deverá ser o maior destaque nacional. Em resumo, o estado é o maior produtor de grãos do país, respondendo por 30,9% da produção nacional.
Na sequência, deverão ficar Paraná (15,2%), Rio Grande do Sul (9,6%), Goiás (9,6%), Mato Grosso do Sul (8,9%) e Minas Gerais (5,9%). Aliás, esses seis estados, quando somados, deverão representar 80,1% da produção nacional. Isso mostra que poucos estados deverão concentrar a maioria absoluta da produção de grãos do país.