Nesta quinta-feira (19), foi publicado pelo IBGE o resultado da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018 – Perfil das despesas. A pesquisa revelou que 83,3% da população brasileira na época viviam em famílias que tinham um ou mais integrantes com acesso a pelo menos um dos serviços financeiros considerados no estudo, tendo como principal serviço utilizado a conta-corrente.
Segundo a pesquisa, 66,2% tinham acesso à conta-corrente, 49,9% tinham acesso a cartões de crédito, 55,9% à caderneta de poupança e 19,5% ao cheque especial. Por outro lado, 16,7% dos brasileiros estavam inseridos em famílias que não tinham acesso a esses serviços, das quais 11,7% eram de famílias cujas pessoas de referência eram pretas ou pardas e 4,8% eram de famílias com pessoas brancas.
O estudo ainda mostra que dos 83,3%, cerca de 73,5% estavam concentrados em áreas urbanas, enquanto apenas 9,8% na área rural. Levando em conta a idade das pessoas de referência na família, 43,8% tinham idade entre 25 e 49 anos e 24,4% tinham entre 50 e 64 anos, 36,6% eram brancos e 45,5% pretos ou pardos, 50,5% eram homens e 32,8% mulheres.
Ainda levando em conta a porcentagem de pessoas que tinham disponibilidade a pelo menos um dos serviços financeiros disponibilizados, a pesquisa mostrou que 21,6% eram empregados com carteira assinada, enquanto 17,6% eram autônomos e 21,6% estavam desempregados.
Durante o período analisado na pesquisa, 64% dos indivíduos viviam em famílias que receberam valores ou tiveram prejuízos com pelo menos um dos serviços financeiros considerados. Dividindo pelos tipos de despesas das famílias, o estudo chegou à conclusão que 39,3% tinham despesas relacionadas a taxas bancárias, juros de cheque especial e cartão de crédito, 35,3% eram relacionadas a seguros e 32,1% a empréstimos e parcelamentos de imóveis e automóveis.
Quando se diz respeito a despesa mensal per capita, ou seja, por indivíduo, com os serviços financeiros, os números encontrados pela pesquisa foram de em média R$124,79 por mês, sendo R$115,35 para pessoas da área urbana e R$9,44 na área rural.
Os empréstimos e parcelamentos de imóveis e automóveis tiveram um gasto médio por indivíduo de R$95,51, e foi considerado o gasto mais importante para compor a despesa per capita mensal dentre todos os serviços.
Quando se trata da movimentação financeira per capita mensal, o principal gasto ficou com aplicações, cerca de R$104,90 por pessoa, e com resgate com cerca de R$75,55. Além disso, o Sudeste liderou o ranking de gastos com R$58,73 por indivíduo. A pesquisa mostra também que as pessoas de referência das famílias eram em sua maioria homens cerca de 85,44%, contra 39,35% de mulheres.
No total, 34,5 milhões de cidadãos brasileiros viviam sem acesso algum aos serviços bancários que foram considerados no estudo, como a conta-corrente, cartão de crédito, poupança e cheque especial. Existe uma relação entre a renda e o acesso a esses serviços, quanto menor a renda mais escasso é o acesso, acentuando e evidenciando cada vez mais a desigualdade no país.
Na parte que tange os 10% mais pobres do país, quase metade, 44,7% mais precisamente, vivia em famílias sem nenhum desses serviços até 2018. Enquanto entre os 10% mais ricos apenas 1,5% vivia sem esse acesso. A inclusão financeira é apontada por alguns como uma contribuição importante para o bem-estar geral da população, já que as pessoas conseguem o acesso a empréstimos e à poupança.
Ultimamente muitos bancos vêm promovendo a inclusão financeira como ponto principal, como o Nubank, por exemplo, que vem promovendo a bancarização de diversos brasileiros que antes nunca conseguiram ter acesso aos serviços financeiros como a conta-corrente.
À medida em que os processos se tornam mais simples cada vez mais pessoas conseguem ter acesso a esses serviços de conta-corrente e esse é um passo muito importante na luta contra a desigualdade e inclusão.