Um painel de especialistas da OMS (Organização Mundial de Saúde) publicou uma diretriz nesta segunda (1°) dizendo que a hidroxicloroquina não funciona na prevenção ou tratamento de Covid-19, recomendando que os recursos alocados para a pesquisa sobre a droga sejam destinados a estudar medicamentos com maior potencial contra o novo coronavírus.
Desde julho de 2020, a OMS diz que não encontrou benefícios do uso da hidroxicloroquina contra Covid-19. No entanto, agora a conclusão passou a ser uma orientação oficial para profissionais de saúde do mundo todo.
A recomendação foi “baseada em evidências de alta certeza de seis ensaios controlados envolvendo mais de 6.000 participantes”.
“O medicamento anti-inflamatório hidroxicloroquina não deve ser usado para prevenir infecções em pessoas que não têm covid-19”, disse o painel de especialistas internacionais do Grupo de Desenvolvimento de Diretrizes da OMS (GDG).
Embora seja amplamente divulgada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como parte do ‘tratamento precoce’, não há evidências que apontem que hidroxicloroquina seja eficaz para reduzir o risco de infecção, hospitalização ou morte por Covid-19.
“As evidências mostraram que a hidroxicloroquina não teve efeito significativo sobre a morte e admissão no hospital, enquanto as evidências de certeza moderada mostraram que a hidroxicloroquina não teve efeito significativo sobre a infecção pela covid-19 confirmada em laboratório e provavelmente aumenta o risco de efeitos adversos”, alerta a OMS.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) destinou cerca de R$90 milhões para a compra de medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19. Entre tais medicamentos do chamado ‘kit Covid’, está a cloroquina, a azitromicina e o Tamiflu.
A OMS desaconselha que países gastem recursos com a aquisição e estudo da hidroxicloroquina, pois o remédio não tem eficácia contra Covid-19.
“A droga não é mais uma prioridade de pesquisa: os recursos devem se concentrar em outras drogas mais promissoras para prevenir a Covid-19”, pediu a OMS.
Apesar de evidências científicas apontarem para a falta de eficácia da cloroquina na prevenção ou tratamento da Covid-19, a droga tem sido prescrita por alguns médicos brasileiros. Segundo levantamento do Conselho Federal de Farmácia, a venda do antimalárico nas farmácias mais que dobrou, indo de 963 mil em 2019 para 2 milhões de unidades vendidas em 2020.