Haddad defende proteção a quem está no crédito rotativo

Haddad bate o martelo e defende proteção a quem está no crédito rotativo; veja

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu a proteção às pessoas que estão no rotativo do cartão de crédito. De acordo com ele, isso precisa acontecer sem comprometer o varejo nacional, pois muitas vendas acontecem justamente dessa maneira, em muitas parcelas sem juros no cartão de crédito.

Não podemos perder de vista o varejo. Porque as compras são feitas assim no Brasil, então não pode mexer nisso“, disse Haddad durante o podcast Reconversa, com o jornalista Reinaldo Azevedo. A entrevista também contou com a participação do advogado Walfrido Warde.

Juros do rotativo do cartão de crédito

Em síntese, o rotativo do cartão de crédito é a linha pré-aprovada no cartão. A saber, essa é a linha de crédito mais cara do mercado, mas isso não afasta os consumidores. Na verdade, a sua procura sempre se mostra muito elevada porque permite a contratação do crédito por pessoas que não têm condições de pagar o valor total da fatura na data do vencimento.

Os juros da modalidade chegaram a 440% ao ano em junho de 2023, taxa considerada abusiva pelos especialistas. Aliás, quase metade das operações com o rotativo do cartão de crédito está inadimplente, dado que o Banco Central (BC) quer reduzir significativamente.

O ministro Haddad afirmou, durante a entrevista, que os juros da modalidade são realmente muito altos. Contudo, ele disse que o governo precisa estudar outras maneiras de solucionar o problema, que não seja a extinção do rotativo do cartão.

Tem que proteger quem está caindo no rotativo, claro, tem que fazer alguma coisa por essa pessoa“, afirmou o ministro. “Mas o sistema padrão de compra brasileiro hoje é esse“, acrescentou, referindo às compras parceladas, realizadas por boa parte da população.

População brasileira faz compras parcelas no cartão de crédito
População brasileira faz compras parcelas no cartão de crédito. (Imagem: Agência Brasil).

Presidente do BC defende fim do parcelamento sem juros

Na última quinta-feira (10), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que a autarquia não estava feliz com as possibilidades de compras parcelas em até 13 parcelas sem juros. “É como se fosse um financiamento de longo prazo sem juros“, disse Campos Neto. A saber, esse sistema não existe em outros países, apenas no Brasil, segundo o banqueiro central.

Segundo ele, para desincentivar o uso desses parcelamentos, o BC planeja criar algum tipo de “tarifa” para que os consumidores parem de fazer tantas compras dessa maneira. Campos Neto explicou que esse sistema de parcelamento em até 13 vezes acaba levando as pessoas a perderem o controle da própria fatura.

Não é proibir o parcelamento sem juros. É simplesmente tentar que fique um pouco mais disciplinado. Não vai afetar o consumo. Lembrando que cartão de crédito é 40% do consumo no Brasil“, afirmou durante uma audiência no Senado Federal.

Juros apenas para algumas compras

Além do fim do rotativo do cartão de crédito, e da eventual “tarifa” para limitar as compras parcelas, alguns bancos têm sugerido a diferenciação dos prazos para definir os juros das operações.

Assim, a venda de bens duráveis, como geladeira, permitiria um número maior de parcelas. No entanto, a comercialização de bens semiduráveis, como roupas, ocorreria com um prazo menor e com a influência gradual dos juros. Em resumo, quanto maior o número de parcelas, mais altos ficariam os juros pagos pelo consumidor.

Embora essa seja uma opção dos bancos, os varejistas são contrários à segmentação devido à quantidade de estabelecimentos que comercializam ambos os bens.

Existem lojas de construção que vendem eletrodomésticos e itens de decoração. Ou supermercados que vendem linha branca. Não é operacional fazer essa segmentação por linha de produto“, afirmou Jorge Gonçalves Filho, presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV).

Três em cada quatro pessoas usam crédito parcelado

Em meio à polêmica envolvendo o parcelamento das compras, uma pesquisa do Datafolha revelou que 75% da população do país utilizou o crédito parcelado em 2022. Isso mostra que a decisão tomada pelo Banco Central e pelo governo federal irá afetar boa parte do país.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) emitiu uma nota, afirmando que busca uma “solução construtiva que passe por uma transição sem rupturas, que pode incluir o fim do crédito rotativo e um redesenho das compras parceladas no cartão“.

Já a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) afirmou, em nota, que está concluindo seus estudos, “buscando encontrar alternativas que possibilitem a prática de taxas de juros no rotativo cada vez menores para apresentar, ainda neste mês, ao Banco Central“.

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