A cada dia que passa, dezenas de civis são mortos em decorrência da guerra que envolve Israel, e o grupo palestino Hamas. O tamanho da tragédia humanitária preocupa setores de defesa dos Direitos Humanos em todo o mundo. A milhares de quilômetros dali, a preocupação tem outras camadas: os preços dos combustíveis.
Como se sabe, a guerra que está sendo travada neste momento, ocorre nas proximidades de países produtores de petróleo. Assim, a preocupação em torno do impacto nos preços dos combustíveis é real. Mas afinal de contas, a guerra de Israel pode ter impacto nos preços no Brasil?
O que disse o presidente da Petrobras
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates decidiu quebrar o silêncio sobre o assunto nesta quarta-feira (18). De acordo com ele, a avaliação da empresa é que, ao menos neste primeiro momento, não há indícios de que a guerra entre Israel e Hamas tenha impacto nos preços dos combustíveis no Brasil.
Contudo, ele avalia que se o conflito se alastrar, a situação vai piorar. Ele chegou a usar o termo “tempestade perfeita” para definir o que pode acontecer com o mercado de petróleo e gás no país.
Prates frisou que o barril do petróleo está estabilizado na casa dos US$ 91 ( no caso do brent), o que pode ser considerado um patamar alto com potencial de impacto no mercado brasileiro. Contudo, ele ressaltou que este patamar não está sendo causado pela guerra, já que ele já se encontrava neste ponto antes do início do conflito.
“Até que (o conflito) se alastre para um país produtor — falando de forma até um pouco insensível, claro que tem uma preocupação humanitária, com o problema da guerra -, mas do ponto de vista do mercado de petróleo e gás, por enquanto, não há indício de que haverá alastramento disso para países como Irã, Egito, países produtores”, declarou, em uma análise mais para o curto prazo.
Tendência é de continuidade da guerra
Se a continuidade da guerra é a grande preocupação do governo brasileiro neste momento, então há realmente motivos para preocupação. Nesta quarta-feira (18), a resolução costurada pelo Brasil no Conselho Nacional de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), foi vetada pelos Estados Unidos.
O documento apresentado pelo Brasil pedia uma pausa nos conflitos para uma ajuda humanitária. A ideia recebeu o apoio de 12 países, e contou ainda com a abstenção da Rússia e do Reino Unido. Mas como os Estados Unidos têm poder de veto, a proposta não está sendo mais considerada.
“O Conselho deveria tomar uma atitude e agir rapidamente. A paralisia do Conselho diante de uma catástrofe humanitária não é de interesse da comunidade internacional. Enquanto fazíamos um grande esforço para acomodar posições diferentes — e, às vezes, opostas —, nosso foco estava, e segue estando, na situação humanitária”, afirmou o representante brasileiro no Conselho.
Entrada do Irã
Por mais que uma guerra seja sempre negativa do ponto de vista econômico, o fato é que a maioria dos especialistas acredita que este movimento não vai ter um grande efeito na economia mundial neste primeiro momento. Mas há sempre uma preocupação em relação ao que pode acontecer daqui para frente.
Caso nações como Líbano e Irã entrem na guerra, é muito provável que os preços das commodities comecem a subir, segundo os especialistas. A região onde a guerra está ocorrendo, é justamente uma área colada aos grandes produtores de petróleo, como Arábia Saudita, Emirados Árabes e Catar, por exemplo.
Vale frisar que o Irã é nada menos do que o 9º maior produtor mundial de petróleo, segundo o relatório da Agência Internacional de Energia (IEA), divulgado em julho deste ano. Mesmo com as sanções dos EUA, eles estão conseguindo ampliar a produção.