Preço da gasolina, do paõzinho e até mesmo da energia elétrica. Tudo isto está no grupo de preocupações dos brasileiros no momento em que Israel e Palestina estão envoltos em um dos períodos mais sangrentos de suas relações. Mas afinal de contas, a guerra no oriente médio vai afetar o bolso dos brasileiros?
Uma resposta para esta pergunta ainda não é concreta. Especialistas estão divididos sobre o que pode acontecer com os preços dos produtos do Brasil se esta guerra perdurar por muito mais tempo. Vale lembrar que o Brasil já está sofrendo com os efeitos da guerra da Ucrânia, que já dura mais de um ano.
Entrada do Irã
Por mais que uma guerra seja sempre negativa do ponto de vista econômico, o fato é que a maioria dos especialistas acredita que este movimento não vai ter um grande efeito na economia mundial neste primeiro momento. Mas há sempre uma preocupação em relação ao que pode acontecer daqui para frente.
Quais países poderão se unir ao confronto, por exemplo? Caso nações como Líbano e Irã entrem na guerra, é muito provável que os preços das commodities comecem a subir, segundo os especialistas.
Neste sentido, o mercado aguarda com muita atenção a reunião de emergência convocada pela Liga Árabe. O encontro deve acontecer na quarta-feira (11), e os membros deverão discutir justamente este conflito.
A região onde a guerra está ocorrendo, é justamente uma área colada aos grandes produtores de petróleo, como Arábia Saudita, Emirados Árabes e Catar, por exemplo.
Uma possível entrada no Líbano indicaria uma escalada de tensão nesta região. Enquanto a participação do Irã poderia ter impacto direto na produção mundial de petróleo, o que representaria um impacto direto nos preços dos combustíveis também no Brasil.
Vale frisar que o Irã é nada menos do que o 9º maior produtor mundial de petróleo, segundo o relatório da Agência Internacional de Energia (IEA), divulgado em julho deste ano. Mesmo com as sanções dos EUA, eles estão conseguindo ampliar a produção.
“Acho que a Petrobras vai esperar uma semana, dez dias, para ver como fica a guerra com Israel. Mas, de qualquer maneira, há sempre aquele medo de ter uma defasagem muito grande, principalmente em relação ao diesel, pelo risco de ter desabastecimento”, disse o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires.
O que diz a equipe econômica
Os ministros do Planejamento, Simone Tebet, e da Fazenda, Fernando Haddad, falaram nesta semana sobre o assunto. De acordo com os dois, os impactos da guerra na economia brasileira podem ocorrer, mas tudo vai depender do tempo de duração da fase mais aguda do combate.
Na avaliação da equipe econômica do governo federal, se este período mais agudo passar rapidamente, os efeitos não serão muito fortes. Tanto Tebet quanto Haddad defenderam em declarações recentes que o que resta ao Brasil é trabalhar para melhorar as condições internas.
“Se essa saída da fase aguda for mais rápida, se esse conflito, mesmo que continue, perder a intensidade, o impacto acaba sendo diluído. Está tendo uma subida no preço do petróleo, mas já teve um recuo, a avaliação é que tudo vai se ajustar no médio prazo se o conflito sair desta fase mais endêmica num prazo curto”, afirmou a ministra do Planejamento em entrevista ao jornalista Valdo Cruz, da Globo News.
“Agora, é o conflito em Israel. No curto prazo tem as instabilidades naturais, mas podem ser absorvidas se o conflito não se alastrar e entrar em fase de negociação”, completou a ministra.
Assim como Tebet, Haddad também disse em entrevista que acredita que o Brasil tem que focar nas aprovações de projetos como a Reforma Tributária para que tais medidas diminuam os possíveis impactos internacionais no mercado interno.
A guerra
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, decretou estado de guerra após ataque do grupo radical armado Hamas a Israel, na Faixa de Gaza, ainda no último sábado (7). Desde então, milhares de pessoas estão sendo mortas dos dois lados do conflito.