O Projeto de Lei 3320/24, em análise na Câmara dos Deputados, propõe uma importante mudança na legislação de segurança pública: autorizar guardas municipais a portarem arma de fogo em todo o território nacional. O porte de arma para esses profissionais ainda é restrito ao estado em que trabalham, limitando sua capacidade de atuação e segurança em situações de deslocamento. Com o novo projeto, as guardas municipais ganhariam o direito de portar armas tanto de propriedade da corporação quanto pessoais, estendendo-se a todo o país.
Contexto Atual e Necessidade de Mudança
A legislação brasileira permite o porte de armas em âmbito nacional apenas para membros das Forças Armadas, Força Nacional, polícias e agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A restrição aos guardas municipais, que desempenham um papel importante em muitas cidades, é considerada por muitos como limitadora e incoerente.
Para o deputado Fábio Henrique (União-SE), autor da proposta, essa restrição é injusta, especialmente para profissionais que residem em estados diferentes de onde trabalham, precisando cruzar fronteiras para exercer suas funções. O parlamentar argumenta que a mudança é fundamental para garantir segurança e autonomia para a categoria.
Benefícios do Porte de Arma Nacional para Guardas Municipais
A autorização para que guardas municipais possam portar armas em todo o território nacional traz diversos benefícios e aumenta a capacidade de resposta das corporações, fortalecendo a segurança pública. Entre as principais vantagens estão:
- Proteção Pessoal e Profissional: Guardas municipais se tornam alvos potenciais em razão de seu papel na segurança pública. O porte nacional proporciona a esses profissionais uma proteção adicional durante deslocamentos entre estados.
- Fortalecimento da Segurança Pública: Com a liberdade de portar armas em todo o país, os guardas podem responder com mais rapidez em situações de emergência e prestar apoio em operações conjuntas com outras forças de segurança.
- Redução de Custos Operacionais: Com o porte nacional, há menor necessidade de deslocamento de outras forças policiais em regiões onde guardas municipais estão presentes, especialmente em municípios que fazem fronteira entre estados.
Isenção de IPI na Compra de Armas e Munições
O projeto também propõe isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a compra de armas e munições pelas guardas municipais. Atualmente, apenas as forças policiais federais e estaduais possuem essa isenção fiscal, e a proposta visa estender o benefício aos municípios. Essa medida reduz os custos de aparelhamento das guardas municipais, possibilitando investimentos em outros recursos de segurança.
Para os municípios, essa isenção representa uma economia significativa, tornando viável a aquisição de equipamentos de alta qualidade sem a incidência de impostos adicionais. Essa mudança contribui para que as guardas municipais possam investir em armas e munições adequadas, ampliando sua capacidade de ação.
Próximos Passos e Tramitação do Projeto
O Projeto de Lei 3320/24 seguirá para análise nas comissões de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, Finanças e Tributação, e Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados. Como tramita em caráter conclusivo, o projeto pode ser aprovado diretamente nessas comissões sem a necessidade de ir a plenário, a menos que haja recurso para que todos os deputados votem.
Após a análise e aprovação nas comissões, o projeto segue para o Senado e, em caso de aprovação, vai para sanção presidencial para se tornar lei.
Desafios e Opiniões Contrárias
Embora o projeto tenha defensores, também há críticas e desafios. Algumas preocupações incluem:
- Risco de Abuso de Poder: Críticos apontam que o porte nacional pode levar a abusos e uso excessivo da força, especialmente em áreas onde a atuação da guarda municipal é mais questionada.
- Capacitação e Treinamento: A liberação do porte de arma em todo o território exige que os guardas municipais passem por treinamentos rigorosos, assegurando que estejam aptos a utilizar armas com responsabilidade. Sem essa capacitação, há o risco de incidentes.
- Impacto na Segurança Pública: Alguns especialistas argumentam que o aumento no porte de armas pode levar a uma escalada de violência, ao invés de contribuir para a segurança, especialmente em municípios menores.