Os reajustes salariais realizados em janeiro de 2023 foram bastante positivos para os trabalhadores do Brasil. Isso porque 75% dos acordos realizados no primeiro mês deste ano ficaram acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Em resumo, o INPC mede a variação da cesta de compras para famílias com renda de um até cinco salários mínimos, ou seja, foca nas pessoas de renda mais baixa do país. Aliás, este indicador é utilizado como referência para reajustes salariais e benefícios do INSS. Por isso que o INPC é tão importante para os trabalhadores do país.
Quando os reajustes salariais superam a variação acumulada pelo INPC, isso representa ganho de poder de compra do trabalhador. Em suma, o indicador reflete as variações mensais nos preços de produtos e serviços, bem como no acumulado dos últimos 12 meses.
Assim, situações em que os reajustes superam o INPC são as mais desejadas pelos trabalhadores, pois indicam que houve aumento da renda habitual destes profissionais.
Por outro lado, quando os reajustes ficam abaixo da variação acumulada pelo INPC, os trabalhadores sofrem com a redução do poder de compra. Em janeiro deste ano, apenas 8,2% dos acordos e convenções coletivas não superaram o INPC, uma taxa muito positiva para os empregados do país.
Os demais 16,5% dos acordos e convenções coletivas ficaram iguais ao INPC. Nesse caso, não houve alteração do poder de compra dos trabalhadores, que continuaram com uma remuneração equivalente à inflação observada no período.
A propósito, os dados fazem parte do levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e divulgado mensalmente. Segundo o Dieese, estes dados se referem às negociações realizadas até o dia 9 de fevereiro.
Vale destacar que houve uma diferença bem significativa em relação a 2022. Enquanto três em cada quatro reajustes superaram o INPC em janeiro de 2023, no ano passado apenas 23,8% conseguiram esse feito, ou seja, menos de um em cada quatro convenções.
Entre os segmentos pesquisados, a indústria teve o maior número de reajustes acima da inflação do país em janeiro de 2023, chegando a 77,0% do total dos reajustes. Já as negociações abaixo do INPC totalizaram 13,0%, enquanto 10,0% ficaram iguais à inflação medida pelo índice.
Com dados bastante semelhantes, o comércio fechou janeiro com 76,4% dos reajustes acima da inflação. Por outro lado, apenas 5,6% das negociações ficaram abaixo do INPC no período, enquanto os 18,0% dos acordos restantes tiveram uma variação igual a da inflação.
Embora os dados da indústria e do comércio tenham sido muito positivos, o setor de serviços não conseguiu registrar resultados tão bons assim para os trabalhadores do país. No entanto, os dados do setor ainda foram positivos para os empregados.
Em suma, 57,6% dos reajustes ficaram acima da inflação, o que quer dizer que mais da metade dos trabalhadores dos serviços viram o seu poder de compra crescer no primeiro mês deste ano.
Em contrapartida, 18,2% das negociações ficaram abaixo do INPC e não representaram ganho real para o trabalhador dos serviços. Assim, os 24,2% dos acordos restantes ficaram iguais ao INPC e também não resultaram em ganho real para os empregados do setor.
O Dieese também revelou dados sobre os reajustes salariais entre as regiões brasileiras. Em janeiro, a maioria dos acordos e convenções coletivas superaram o INPC em todas as regiões, elevando o poder de compra dos trabalhadores.
Confira abaixo os percentuais de acordos que superaram a inflação em cada uma das regiões brasileiras em janeiro:
Os dados citados são muito positivos para os trabalhadores de todo o país, visto que a maioria deles foi beneficiada com o aumento da renda. Aliás, os percentuais ficaram bastante expressivos em todas as regiões brasileiras.
Ao considerar os reajustes que ficaram abaixo do INPC, não houve regiões com taxas muito elevadas. Isso explica o resultado nacional, que também foi positivo para os trabalhadores.
Veja as taxas de reajustes abaixo do INPC nas regiões brasileiras:
Em síntese, os dados mostraram o cenário ficou mais favorável para os trabalhadores do Sul e do Nordeste, cujos reajustes abaixo da inflação não representaram nem 10% do total. Nas demais regiões brasileiras, as taxas também foram bem tímidas.
Por fim, apenas no Centro-Oeste que não houve registro de acordos e convenções coletivas iguais ao INPC. Nas demais regiões, as taxas foram as seguintes: Sul (24,4%), Sudeste (16,2%), Nordeste (14,9%) e Norte (13,6%).