A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) acaba de divulgar a mais recente edição da Pesquisa Especial de Crédito. Na matéria de HOJE, você pode ver que conforme os dados, a carteira total de crédito no Brasil deve registrar um crescimento de 0,3% em fevereiro deste ano, em relação ao mês anterior.
O resultado tímido refletiu de maneira negativa na taxa anual. Em resumo, o ritmo de expansão em 12 meses desacelerou, passando de 13,6% em janeiro para 12,9% em fevereiro. Aliás, essa tem sido a tendência da taxa nos últimos meses, refletindo um crescimento menor da carteira de crédito no país.
Embora tenha recuado a nível anual, o patamar segue ainda elevado no Brasil. O problema é que isso não deverá permanecer por muito tempo, pois diversos fatores estão contribuindo para a redução do aumento da carteira de crédito.
Segundo a Febraban, o enfraquecimento da atividade econômica brasileira em 2023 é um dos fatores que contribuem para a trajetória descendente da carteira de crédito.
Neste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deverá crescer 0,90%, segundo projeções de analistas do mercado financeiro. Caso isso se confirme, o crescimento será bem menor que o registrado em 2022, quando a atividade econômica avançou 2,9%.
O segundo fator citado foi o aumento da inadimplência no país. Em suma, cerca de 30% da população brasileira tinha contas ou dívidas atrasadas em fevereiro. Pelo menos foi isso o que revelou a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Além disso, a Febraban destacou as condições financeiras mais restritivas no Brasil. Como a economia não está crescendo como muitos desejavam, a inadimplência acaba crescendo, uma vez que não há grande retorno financeiro no país. Inclusive, o cenário também está sendo afetado pela inflação e pelos juros elevados, que corroem a renda das pessoas.
Expansão da carteira de crédito
Em fevereiro, a carteira de crédito direcionada às empresas cresceu 0,4%, impulsionando os números nacionais. Por sua vez, a carteira destinada às famílias teve elevação de 0,2%, limitando o crescimento dos dados do país.
A Febraban destacou que a expansão do segmento deve acontece de maneira similar entre as diferentes fontes de recursos. Em síntese, o segmento deve fechar o mês com alta de 0,4% na carteira livre e de 0,3% na direcionada.
Os técnicos da entidade disseram que “vale notar que parte da alta da carteira pessoa jurídica com recursos livres é sazonal no mês, devolvendo parcialmente o recuo normalmente observado em janeiro”. Inclusive, no primeiro mês deste ano, houve uma queda de 3,5% da carteira de crédito.
A saber, a pesquisa funciona como uma prévia da Nota de Política Monetária e Operações de Crédito do Banco Central (BC). Sua divulgação ocorre mensalmente e se baseia em dados consolidados dos principais bancos do país.
A Febraban ainda afirmou que, “devido ao efeito negativo decorrente do evento das Lojas Americanas, em especial nas linhas de descontos de recebíveis, a alta deste mês pode ser considerada baixa para os padrões históricos”.
Em resumo, a expansão da carteira de recursos livres deve desacelerar de maneira expressiva em fevereiro, passando de 8,1% para 6,4%. A propósito, estes recursos não são regulados pelo governo.
Por outro lado, na carteira direcionada, o avanço mensal conseguiu manter a trajetória acumulada em 12 meses em tendência de aceleração, algo que está sendo observado desde o segundo semestre do ano passado. Com isso, a projeção deve subir de 7,5% para 7,9%, impulsionada por uma nova edição de programas públicos e por sinais de maior dinamismo sobre o BNDES.
Concessões para as pessoas físicas
A Febraban também revelou que a carteira livre para pessoas físicas deve encolher 0,2% em fevereiro. Dessa forma, a taxa acumulada em 12 meses deve desacelerar de 17,7% para 17,1%, mas ainda se manterá em nível bastante elevado.
“No entanto, quando ajustado pelo número de dias úteis, o resultado representa um aumento de 5,8%. Embora seja positivo, o número é menor que o observado nos meses de fevereiro, o que sugere que a série com ajuste sazonal reportada pelo Banco Central traga um número próximo à estabilidade ou ligeiramente negativo”.
Por fim, mesmo com todos os problemas que decorreram do caso Americanas, a carteira de crédito não encolheu de maneira significativa no país. Contudo, os dados do levantamento relacionados a março poderão ter uma trajetória mais negativa neste mês.