O Ministério da Fazenda revisou suas projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2023. O governo acredita que a atividade do país deverá crescer um pouco menos que o esperado neste ano.
De acordo com a pasta, o Brasil deverá registrar um crescimento de 3,0% do PIB em 2023. A última estimativa, divulgada em setembro, indicava um avanço de 3,2% neste ano, ou seja, houve uma redução de 0,2 ponto percentual do novo prognóstico. A propósito, a divulgação das projeções do governo foram divulgadas nesta terça-feira (21).
Veja o que fez o governo reduzir as projeções
Em resumo, o governo revelou que alguns fatores justificam a redução do otimismo em relação à economia brasileira em 2023. Segundo a Secretaria de Política Econômica (SPE), o principal fator se refere às “projeções menos otimistas para o setor de serviços até o restante do ano“.
“Para o último trimestre, no entanto, segue a perspectiva de aceleração da atividade, cenário que deverá garantir crescimento em 2023 levemente superior ao do ano anterior“, ponderou o governo.
De todo modo, vale destacar que o setor de serviços responde por cerca de 70% do PIB brasileiro. Logo, o seu desempenho afeta diretamente o crescimento do PIB, tendo o poder de impulsioná-lo ou enfraquecê-lo.
A saber, o PIB corresponde à soma de todos os bens e serviços do país. Nesse caso, não é levado em consideração, por exemplo, a nacionalidade de quem fez tal bem ou serviço. O principal objetivo desse indicador é medir o comportamento da economia.
Estimativas superam projeções do mercado financeiro
Na última segunda-feira (20), o Banco Central (BC) divulgou as novas projeções de analistas do mercado financeiro em relação aos principais indicadores econômicos do Brasil. A publicação, chamada de relatório Focus, é divulgada semanalmente, trazendo atualizações das estimativas do mercado.
Nesta semana, os analistas reduziram suas projeções para o (Produto Interno Bruto) PIB brasileiro em 2023. Em suma, a economia brasileira deverá crescer 2,85% em 2023, taxa inferior a da semana passada (2,89%).
Isso mostra que as estimativas dos analistas para o desempenho do PIB ainda são mais modestas que as projeções do governo federal. Entretanto, como as atualizações são semanais, os dados podem sofrer alterações nas próximas semanas.
Otimismo perde um pouco de força no Brasil
No início de setembro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que o PIB do Brasil cresceu 0,9% no segundo trimestre de 2023. O resultado foi menor que o registrado no trimestre anterior, quando a economia cresceu 1,8%.
Contudo, o que chamou a atenção não foi a desaceleração da atividade econômica, que já era esperada, mas o avanço ter vindo bem acima do esperado pelo mercado, já que os analistas estimavam um crescimento de 0,4% do PIB no período.
O resultado superou as expectativas e animou o mercado e o governo federal. Por isso que houve crescimento das estimativas para o desempenho do PIB neste ano.
No entanto, os dados referentes ao terceiro trimestre não estão muito positivos. O IBGE ainda vai divulgar os dados oficiais sobre o período, mas levantamentos de outras instituições, como o Banco Central (BC), revelam que o PIB do Brasil encolheu entre julho e setembro. Isso ajudou a enfraquecer as estimativas do governo em relação ao indicador.
Projeções do governo e do mercado para o PIB em 2024
Já para 2024, as projeções para o avanço do PIB ficaram mais modestas. Em relação ao governo federal, o Ministério da Fazenda também reduziu as estimativas de crescimento, de 2,3% para 2,2%.
De acordo com a pasta, os programas de incentivo ao investimento, renegociação de dívidas e de transferência de renda deverão beneficiar a indústria e o setor de serviços, impulsionando a atividade do país em 2024, mas não o suficiente para que o avanço seja da mesma magnitude que em 2023.
As projeções do governo são bem mais otimistas que a dos analistas do mercado financeiro. Nesta semana, as estimativas do mercado indicaram um avanço de 1,50% do PIB brasileiro no ano que vem, dado que vem se mantendo estável há algum tempo.
Os dados mais fracos deverão acontecer pelos seguintes motivos: desafios provocados pela pandemia da covid-19 e pela guerra entre Rússia e Ucrânia, que ainda não foram superados completamente no mundo, e forte base comparativa.
Inflação deve ficar dentro da meta em 2023
O governo também divulgou as estimativas para a inflação no Brasil em 2023. Em suma, a Fazenda acredita que o país deverá encerrar este ano com uma taxa inflacionária de 4,66%, dentro da meta central definida para este ano.
Para quem não sabe, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para a inflação do país todos os anos. Assim, o Banco Central age para cumprir a meta definida, pois a inflação controlada traz diversos benefícios para o país, como:
- Maior tranquilidade para investir no Brasil;
- Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável;
- Mais previsibilidade econômica, permitindo um planejamento das indústrias;
- Redução da concentração de renda.
Para 2023, o CMN definiu uma meta central de 3,25% para a inflação no país, podendo variar entre 1,75% e 4,75%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Neste sentido, caso a inflação deste ano tenha uma variação dentro desse intervalo, entre 1,75% e 4,75%, ela terá sido formalmente cumprida, mesmo que supere a meta central de 3,25%. Como o governo acredita que a inflação ficará em 4,66%, ela será cumprida, resultado que sucede dois anos de estouro de meta.
Por fim, os analistas do mercado financeiro estimam que a inflação do Brasil ficará em 4,55% neste ano, taxa ainda menor que as projeções do governo federal.