Os brasileiros tiveram uma notícia bem frustrante nesta semana. Embora as expectativas já estivessem muito baixas, algumas pessoas ainda acreditavam que poderia ocorrer um anúncio do governo federal sobre o aumento do salário mínimo, mas isso não aconteceu.
Nesta quarta, o ministro do Trabalho e Previdência, Luiz Marinho, afirmou que o piso salarial nacional continuará em R$ 1.302 ao menos até maio deste ano. Apenas nesse mês que o valor poderá subir no país, dependendo de como estiverem as discussões sobre o tema.
“Neste momento, o salário mínimo vale R$ 1.302. O despacho é: estamos instituindo um grupo de trabalho que discutirá a politica de valorização do salário mínimo. (…) Hoje é R$ 1.302 e maio pode ser que haja alteração a partir desse trabalho que vamos construir”, explicou Marinho.
A saber, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criou um grupo de trabalho nesta quarta-feira para debater o valor do salário mínimo. Em síntese, esse grupo irá vigorar por 45 dias, prazo que poderá ser prorrogado por igual período.
Além disso, o grupo terá mais uma grande responsabilidade: definir uma política permanente para o salário mínimo nos próximos anos.
O salário mínimo atual do país vale R$ 1.302. Em suma, esse valor foi proposto pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que editou uma Medida Provisória (MP) no final do ano passado com esse reajuste.
O documento perderia o seu valor caso o presidente Lula tivesse sancionado outro valor para o salário mínimo. Aliás, a equipe do petista informou ainda no final de 2022 que o piso nacional seria de R$ 1.320, mas isso não aconteceu. E é esse valor que muitos brasileiros ainda esperam receber.
Nesta quarta, o ministro Luiz Marinho foi questionado sobre a manutenção do valor do salário mínimo definido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. De acordo com ele, caso Bolsonaro continuasse no poder, o valor não superaria a variação da inflação.
“Se fosse o Bolsonaro, seguramente, ele iria reduzir para a inflação como fez em todo seu mandato. Portanto, se fosse o Bolsonaro, hoje certamente o salário mínimo seria de R$ 1.286, que correspondeu à inflação. Mantivemos em R$ 1.302 e vamos discutir no grupo de trabalho a valorização do salário mínimo”, disse o ministro.
A saber, o governo possui duas opções quando o assunto é reajuste do salário mínimo. A primeira delas se refere à vinculação à inflação, ou seja, o salário será reajustado conforme a variação da inflação no ano anterior. Já a segunda opção é a promoção de um aumento real no piso nacional, superando a oscilação da inflação.
Em 2023, os trabalhadores contaram com um ganho real do salário mínimo. Em resumo, essa foi a primeira vez que o governo Bolsonaro deu um aumento real ao piso nacional, visto que, em todos os anos anteriores do governo, o salário foi reajustado apenas vinculado à inflação.
O reajuste salarial vinculado à inflação garante aos trabalhadores que não haja perda do seu poder aquisitivo. Na verdade, o consumo das famílias é um dos grandes motores da economia brasileira, e o governo federal tenta manter esse motor funcionando, ao menos da mesma maneira que funcionava no ano anterior, promovendo os reajustes do salário mínimo.
Contudo, o governo também pode dar um aumento real ao piso salarial nacional, acima da inflação. Neste caso, o cidadão terá uma renda mais elevada e, teoricamente, poderá adquirir mais itens que no ano anterior, uma vez que seu salário terá subido mais do que os preços dos bens e serviços no país.
Em suma, o termo inflação se refere justamente ao aumento contínuo e generalizado dos preços de bens e serviços. Quanto mais alta essa taxa estiver, mais difícil fica para a população manter os mesmos hábitos de consumo. E o resultado disso é um crescimento econômico mais fraco.
Em outras palavras, um reajuste mais expressivo do salário mínimo tende a ajudar milhões de famílias do país a aumentarem os seus hábitos de consumo. Por outro lado, os reajustes no piso nacional também afetam os valores dos benefícios do INSS, como pensões e aposentadorias, por exemplo, gerando ainda mais gastos para o governo.
Por isso que há tantos cálculos para definir qual o reajuste mais adequado em cada ano de governo. Ao trabalhador do país, resta aguardar por uma decisão, que só sairá em maio.