O governo federal anunciou na manhã desta quarta-feira (6) a prorrogação do Desenrola. Trata-se do projeto de negociação de dívidas do poder executivo. Segundo o Secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Barbosa Pinto, o programa vai se estender por mais três meses.
Inicialmente, o plano do governo federal era manter as negociações de dívidas do Desenrola apenas até o final deste ano de 2023. Agora, no entanto, a previsão é que o projeto se estenda ao menos até abril de 2024, dando mais tempo para que os cidadãos negociem os seus débitos.
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Mudanças no requisito
Para além da prorrogação do programa, o Ministério da Fazenda também confirmou que vai alterar algumas regras de participação no processo. Hoje, para fazer parte do Desenrola o cidadão precisa ter uma conta prata ou ouro no sistema gov.br. O plano agora é não realizar mais essa exigência.
“A gente pretende, na próxima semana, enviar uma medida provisória para o Congresso eliminando esse requisito. A gente não acha que esse é o ponto que é o maior empecilho para as negociações ocorrerem no ritmo ótimo, mas é um ponto que pode causar algum entrave para algumas pessoas, então a gente quer abrir mão desse requisito”, explicou o secretário.
Números do Desenrola
O Ministério da Fazenda também confirmou na manhã desta quarta-feira (6), que o programa de negociação de dívidas já somou R$ 2,9 bilhões em créditos negociados. Mais de 10 milhões de pessoas foram beneficiadas e conseguiram limpar os seus nomes.
“A população está interessada em renegociar suas dívidas. A gente ainda tem uma grande oportunidade pela frente. O número de pessoas que ainda não visitaram plataforma, e tem benefícios lá, ainda é muito grande”, disse o secretário Marcos Pinto.
Abaixo, você pode conferir uma espécie de raio-x dos dados que foram divulgados pelo Ministério da Fazenda:
FASE 1 (dívidas de até R$ 100 com bancos)
- 7 milhões de pessoas atendidas (dívidas até R$ 100);
- 2,7 milhões de pessoas atendidas (outras dívidas).
FASE 2 (dívidas bancárias e não bancárias — como contas de luz, água, varejo, educação, entre outros, por meio de plataformas)
- 1 milhão de pessoas atendidas
- R$ 5 bilhões em dívidas renegociadas
DADOS GERAIS DO DESENROLA
- Ticket médio de renegociação do Desenrola: À vista R$ 248 / Parcelado R$ 791;
- Média dos descontos: À vista 90% / Parcelado 85%;
- Média dos juros: Parcelado 1,8%;
- Média de quantidade de parcelas: 11 parcelas;
- Percentual de pagamentos (à vista): 75% Pix / 25% Boleto;
- Percentual de pagamentos (parcelado): 91% Boleto / 9% Débito Automático;
- Média de tempo para concluir a renegociação: 4 min 08s.
Ranking dos setores com mais renegociações
- Serviços financeiros (R$ 3.3 bi)
- Securitizadoras (R$ 513 mi)
- Conta de luz (R$ 143 mi)
- Comércio (R$ 213 mi)
- Construtoras / Locadora de Veículos / Cooperativas (R$ 43 mi)
- Educação (R$ 53 mi)
- Conta de telefone (R$ 28 mi)
- Conta de água (R$ 8 mi)
- Empresa de Pequeno Porte/Microempresa (R$ 4 mi).
“O desempenho sinaliza a confiança e aceitação da plataforma Desenrola por parte dos usuários, que encontram nela uma solução eficaz para a gestão financeira. Além disso, esses resultados refletem o potencial do programa de oferecer caminhos viáveis e sustentáveis para que a população brasileira volte a ter crédito”, diz o governo federal.
Variantes do Desenrola
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), disse que o governo federal está estudando a criação de um Desenrola para empresas. O programa de negociação de dívidas funcionaria nos mesmos moldes da atual versão, que atende apenas pessoas físicas.
O vice-presidente Geraldo Alckmin não chegou a dar mais detalhes sobre o funcionamento desta nova fase do Desenrola. De todo modo, entende-se que o projeto tem potencial de proteger estas companhias, considerando que ele funcione nos mesmos moldes do Desenrola para as pessoas físicas.
Dados mais recentes do Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian mostram que o Brasil conta com mais de 6,6 milhões de companhias endividadas neste momento. Em um nível de comparação, estamos falando de 300 mil empresas a mais em relação ao mesmo período do ano passado.