Em entrevista à TV Brasil neste domingo (27), Marcelo Augusto Xavier, presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) disse que o número de pedido por educação indígena disparou nos últimos anos.
De acordo com Xavier, as solicitações de acesso a cursos de ensino médio e ensino superior apresentaram um salto de 500%.
Além disso, ele afirma que os indígenas que buscam essas formações saem de suas aldeias para obtê-las.
Logo após o término, retornam como líderes e compartilhadores de conhecimento. Esse fator, segundo o presidente da entidade, é o que tem favorecido o desenvolvimento das tribos.
Concurso da Funai com cotas para indígenas
Ademais, Xavier revelou que a Funai lançará edital em breve para um novo concurso. Desta vez, haverá processo de seleção com cotas para indígenas.
Para que o edital seja lançado, de acordo com o presidente, falta apenas a autorização de viabilidade do Ministério da Economia. Segundo ele, a política de cotas reforça o objetivo de aproveitar todo o conhecimento tradicional que o indígena tem para aproximar o Estado das populações.
“A Funai procura diálogo com diversos setores da sociedade. A busca por melhores condições de vida não significa perda de identidade étnica. O indígena continua sendo índio ainda que procure melhores condições”, pontuou Xavier durante a entrevista.
A saber, aproximadamente um milhão de brasileiros consideram-se indígenas, de acordo com o IBGE. E mesmo titulares de quase 14% do território nacional, o índice de desenvolvimento humano (IDH) das populações indígenas consiste em um dos piores do Brasil.
“Algo está errado nessa equação. Temos uma série de procedimentos que podem ser desenvolvidos em terras indígenas de maneira sustentável”, ressaltou Xavier.
Indígenas na pandemia e pós-pandemia
As comunidades indígenas também sofrem com a pandemia do novo coronavírus. Não somente pela incidência da doença entre as tribos, como também pela necessidade de isolamento social.
Afinal, com o distanciamento, os indígenas ficaram sem acesso à educação e programas sociais. Ademais, muitos tiveram seus recursos escassos.
Desse modo, entidades se organizaram para angariar ajuda. De acordo com dados divulgados pela Funai, distribuiu-se mais de 500 mil cestas básicas – equivalentes a 9,2 mil toneladas de alimentos – a indígenas durante o período da pandemia.
Marcelo Xavier relatou que uma das maiores dificuldades nessa entrega se deu na logística para chegar às comunidades. “Chegar a esses lugares é muito difícil. As pessoas imaginam que é tudo asfaltado, de fácil acesso. O empenho dos servidores da Funai é intenso e das Forças Armadas foi muito intenso”, conta o presidente da Funai.