O programa Bolsa Família tem sido um importante instrumento de combate à pobreza e de promoção da inclusão social no Brasil. Desde a sua criação, há 20 anos, o programa tem beneficiado milhões de famílias em situação de vulnerabilidade, proporcionando-lhes condições mínimas de subsistência e contribuindo para a melhoria de sua qualidade de vida.
Estudos recentes indicam que o Bolsa Família tem sido efetivo na quebra do ciclo da pobreza e na promoção da mobilidade social.
Pesquisas mostram que a maioria dos beneficiários do programa, que eram dependentes entre 7 e 16 anos no ano de 2005, não estavam mais no Cadastro Único 14 anos depois, em 2019. Isso indica que essas pessoas conseguiram superar a necessidade do benefício e subir de classe social.
Entre aqueles que ainda estavam no Cadastro Único, apenas 20% continuavam recebendo o Bolsa Família na vida adulta, enquanto outros 14% estavam no cadastro, mas não recebiam o benefício por estarem acima da linha de pobreza. Esses dados comprovam que o Bolsa Família não gera dependência financeira para a grande parte das famílias beneficiárias.
Pelo contrário, o programa tem sido um fator de estímulo para que elas encontrem uma “porta de saída” da pobreza e consigam se tornar autossuficientes. Isso é especialmente relevante quando consideramos que 64% dos filhos do Bolsa Família, beneficiados a partir de 2005, estavam fora do Cadastro Único em 2019 e não precisavam mais do benefício.
Os resultados positivos do Bolsa Família são evidências da importância das políticas públicas sérias de transferência de renda e educação. Essas políticas têm o potencial de quebrar o ciclo da pobreza, proporcionando oportunidades para que as famílias mais vulneráveis possam superar as adversidades e construir um futuro melhor.
O diretor-presidente do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS), Paulo Tafner, destaca a educação e a saúde como fatores primordiais para a saída da pobreza. Segundo ele, as condicionalidades do programa, que envolvem a manutenção da criança na escola e os cuidados com sua saúde, têm surtido efeito ao permitir que essas crianças acumulem capital humano. Esse acúmulo de conhecimento e habilidades lhes garante um emprego formal, tirando-as da pobreza.
Embora o Bolsa Família tenha tido um impacto significativo na vida de muitas famílias brasileiras, alguns desafios ainda precisam ser enfrentados para que a mobilidade social seja ampliada. Um desses desafios está relacionado à infraestrutura dos municípios.
De acordo com Paulo Tafner, a qualidade da infraestrutura, incluindo a oferta de escolas, praças, bibliotecas e centros de saúde, tem um impacto significativo na probabilidade das crianças beneficiárias superarem a pobreza. Municípios com infraestrutura adequada proporcionam melhores condições para a mobilidade social.
Outro fator importante é a situação das famílias lideradas por mulheres solteiras. Essas famílias tendem a ter um desempenho inferior em comparação com aquelas que têm dois adultos, devido à renda mais baixa e aos maiores desafios enfrentados pelas mães solteiras na busca por empregos que lhes proporcionem autonomia e a capacidade de investir em seus filhos.
Porém, se houver boas pré-condições, como acesso à educação de qualidade, as chances de ascensão social dessas crianças aumentam consideravelmente.
Um exemplo inspirador de superação é o caso de Dener Silva Miranda, um piauiense de 31 anos que hoje é engenheiro de software em uma empresa de Los Angeles, nos Estados Unidos. Sua irmã, Vitória, de 23 anos, cursa Medicina em São Paulo com uma bolsa do Fies. Ambos foram beneficiados pelo Bolsa Família e conseguiram romper o ciclo da pobreza.
Dener relata que a transformação social e a saída da pobreza não foram fáceis, mas o benefício do Bolsa Família foi fundamental nesse processo. Sua família foi uma das primeiras a receber o Bolsa Escola, que posteriormente se tornou o Bolsa Família. Esse benefício proporcionou uma estabilidade mínima, permitindo que a família mantivesse as coisas em movimento.
No entanto, Dener ressalta que havia desafios, como a falta de dinheiro para o lanche na escola. Sua mãe usava parte do valor do Bolsa Família para ajudar a pagar a mensalidade da escola, mas ainda assim sentiam a falta desse dinheiro.
A vida de Dener começou a melhorar a partir de 2007, quando seu pai se tornou professor de mecânica de motos através do Pronatec. Esse programa, criado durante o governo de Dilma Rousseff, estimula o ensino técnico e proporcionou a Dener acesso a professores altamente qualificados.
Ele foi o primeiro membro de sua família a frequentar a faculdade, estudando Ciência da Computação na Universidade Federal do Ceará, e teve a oportunidade de ser bolsista no exterior pelo programa Ciência sem Fronteiras.
Ademais, o Bolsa Família tem sido um programa efetivo na promoção da inclusão social e na quebra do ciclo da pobreza. Os resultados mostram que a maioria dos beneficiários consegue superar a necessidade do benefício e ascender socialmente. No entanto, ainda há desafios a serem enfrentados, como a melhoria da infraestrutura dos municípios e o apoio às famílias lideradas por mulheres solteiras.
Investir em educação e garantir condições mínimas de subsistência são passos essenciais para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. O Bolsa Família é uma ferramenta importante nesse processo de transformação social, proporcionando oportunidades e esperança para milhões de famílias brasileiras.
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