Durante o final de semana, tornou-se evidente o desfecho que já se anunciava desde a semana passada: a falência do First Republic Bank (FRC). Esse é o terceiro credor a encerrar suas atividades em menos de sessenta dias nos Estados Unidos.
Ao contrário do Signature Bank e do SVB, o resgate das ações do FRC após a falência foi viabilizado pelo interesse do comprador renomado: o JPMorgan & Chase.
No entanto, para que essa transação ocorresse rapidamente, visando conter uma grande desconfiança dentro do sistema bancário, o Fundo Garantidor de Crédito dos EUA (FIDC) concedeu ao JPMorgan várias garantias altamente valiosas durante o processo da aquisição.
O banco adquirirá os ativos e depósitos da falida instituição, isentando-se das dívidas corporativas e das ações preferenciais. Dessa forma, detentores dos títulos das dívidas da instituição, bem como acionistas sofrerão perdas financeiras, repetindo o ocorrido com o Credit Suisse.
De um modo geral, a compra do First Republic Bank vem dividido opiniões com analistas de todo o mercado norte-americano. Assim, para alguns, o fato de o JPMorgan ter acesso somente aos ativos com maior qualidade o coloca em acima de uma determinada posição protegida.
No entanto, há preocupações em relação ao impacto que a aquisição terá na saúde financeira do JPMorgan. A visão está ganhando força em Wall Street e questiona a ideia de que os bancos nos EUA são grandes o suficiente para falir.
Em meio à intensificação dessa crise bancária dentro da principal economia global, uma pesquisa conduzida pela Universidade de Stanford revela que tal situação dos bancos nos Estados Unidos tende a ser mais grave ainda do que se imaginava anteriormente.
Enquanto think tanks financeiros proeminentes anteriormente alertavam sobre a vulnerabilidade de 200 bancos, o estudo realizado pelo Instituto Hoover revela que 2.315 instituições possuem ativos de valor inferior aos seus passivos financeiros.
Isso reflete a desvalorização de ativos ao longo prazo nos balanços, como títulos com prazos de 10, 20 e 30 anos, ou títulos hipotecários que perderam seu valor devido a um aumento de 5,0 pontos percentuais nas taxas de juros americanas em um ano.
Os credores incluem grandes instituições financeiras. Um dos dez bancos mais vulneráveis dos EUA é uma entidade de risco sistêmico com ativos que ultrapassam US$ 1 trilhão. Além disso, há três outros bancos com ativos superiores a US$ 250 bilhões.
Para evitar o destino semelhante dos bancos falidos, a tendência projetada pelos analistas é que cada vez mais bancos comecem a reduzir suas carteiras de empréstimos, criando as condições para uma crise generalizada de crédito nos próximos meses.
Apesar da rápida aquisição do First Republic Bank ter ajudado a mitigar potenciais problemas com depositantes não garantidos pelo FIDC, ela não está conseguindo acalmar os mercados.
Hoje é o segundo dia consecutivo de queda generalizada nos bancos regionais, ao passo em que os investidores começam a examinar minuciosamente o setor financeiro em busca dos pontos mais frágeis.
Conquanto, o PacWest Bancorp, Western Alliance Bank e KeyCorp são três dos nomes mais afetados pela aversão ao risco. Esses três bancos já haviam registrado perdas superiores a 50% desde a falência do SVB em março.
Por volta das 14h, o PacWest Corp (PACW) registra uma queda de 26%, enquanto o Western Alliance (WAL) perde 20%.
O estresse no setor bancário também afeta significativamente o mercado de Treasuries. Os rendimentos dos títulos T-notes de 10 anos caem 0,13 ponto percentual, chegando a 3,438%. Enquanto isso, as T-bills de 2 anos têm um rendimento de 3,973%, representando uma queda de 0,173 ponto percentual em relação ao dia anterior.
Outro mercado que reage fortemente aos eventos deste início de maio é o mercado de petróleo. Os contratos futuros de Brent e WTI sofrem uma queda de mais de 4% no início desta tarde.