De acordo com um estudo realizado por pesquisadores da Holanda e Suécia e publicado na revista Scientific Reports, crianças que passam uma hora diária jogando videogames têm aumento nos pontos de QI (quociente de inteligência). A pesquisa também constatou que o uso de outros eletrônicos, como TV e redes sociais, não alterou o QI das crianças analisadas.
Apesar de os resultados serem cientificamente válidos e representarem o resultado dos esforços cognitivos estimulados pelos jogos eletrônicos no cérebro das crianças, Fabiano Agrela, PhD em neurociências e mestre em psicologia, pede cautela. Para ele, é importante contextualizar melhor esses dados para não influenciar o uso desenfreado de videogames, que também apresenta riscos.
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O primeiro ponto a ser levado em consideração é que os índices de QI são contestáveis, por estarem ligados intimamente à genética individual, que pode ser um fator determinante para o melhor desenvolvimento da inteligência. Outro ponto é que os testes tradicionais de QI não englobam diversos aspectos da inteligência global humana.
Agrela também lembra que o uso de videogames é bem melhor para o cérebro e o desenvolvimento do QI que a televisão e redes sociais. Ele explica que os jogos estimulam a cognição, ao contrário dos outros meios, nos quais o espectador é totalmente passivo ao conteúdo. Ele até aconselha que se opte por jogos que exijam uma neuroplasticidade cerebral é bom.
Outro aspecto importante a ser considerado é o tipo de jogos que serão utilizados pelas crianças, visto que alguns podem abordar temas não recomendados para determinadas faixas etárias.
Existem jogos que estimulam a violência, outros que encorajam até mesmo assassinos em série. Os games, inclusive, possuem etiquetas que mostram a faixa etária a qual são recomendados, como é feito com os filmes. Deve-se também tomar cuidado com o ciclo da dopamina estimulado pelos jogos que pode gerar vícios e aumento da ansiedade.
“O importante é o equilíbrio, eu sempre indico jogos para as crianças, inclusive, apoio que apresente tablets aos filhos com alguns limites. Remover notificações, YouTube e redes sociais são algumas medidas importantes para tornar o uso de eletrônicos mais saudável às crianças e deixar jogos que promovam a neuroplasticidade para a lógica, principalmente”, diz o especialista.
Agrela ainda pede para que se tenha cuidado com as informações que se capta pela internet. “Não estou pondo em dúvida a validade do estudo, muito pelo contrário, eu concordo com os efeitos positivos de videogames no estímulo do QI. No entanto, é preciso ter cuidado com o isolamento de informações, que pode influenciar comportamentos nocivos.”
Segundo um levantamento da NordVPN, empresa de soluções de cibersegurança, o brasileiro passa, em média, quatro horas jogando por dia. O dado faz parte de um estudo que avalia quanto tempo o brasileiro passa conectado diariamente, que gira em torno de quase 14 horas.
O brasileiro se conecta, em média, a partir da hora em que acorda até a de dormir. Mais precisamente, ele fica online às 8h33 da manhã e se desconecta às 22h13. E das 91 horas semanais conectadas aferidas pela NordVPN, por quase quatro horas (3h53) os brasileiros estão online jogando games em rede, como o Fortnite.
A Kantar IBOPE Media aponta que o Brasil é o sexto país com a maior média diária de tempo de jogo entre jogadores do mundo. O Data Stories, publicação mensal que realizou a pesquisa ainda mostra que o Brasil ocupa a 15ª posição no ranking mundial de gamers, reforçando os dados levantados pela NordVPN.
Essa ‘hiperconectividade’ acontece graças a difusão da tecnologia no país: mais de 81% da população tem acesso à internet, conforme aponta a pesquisa TIC Domicílios, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic).