A estudante Amanda Campos de Salvador na Bahia, oriunda de escola pública, ingressou na UFBA (Universidade Federal da Bahia) no curso de biologia, realizou mestrado em ecologia e biomonitoramento e iniciou um doutorado na USP, sendo a primeira pós-graduada da sua família.
Além disso, Amanda acabou sendo uma das 30 selecionadas para o Programa de Formação em Biologia e Ecologia Quantitativas, que reúne cientistas renomados em todo o mundo.
O curso promovido pelo Instituto Serapilheira acontece de maneira online por conta da pandemia do novo coronavírus. A entidade privada, sem fins lucrativos, busca desenvolver a ciência no Brasil.
Por isso ela conta com nomes renomados na ciência como o neurocientista israelense Oded Rechavi e a matemática norte-americana Corina Tarnita.
A matemática Corina Tarnita é a cientista que Amanda teve maior expectativa de conhecer.
“Sou admiradora do trabalho dela e queria ouvir o que ela vai falar sobre a teoria de jogos. Outro pesquisador sensacional é o Jordi Bascompte, da Universidade de Zurique, que estuda as teorias de redes ecológicas. Como eu conheço o trabalho dele, consegui fazer perguntas bem específicas que eu não teria a oportunidade de realizar em outro local”, explica Amanda.
Em conjunto ao seu doutorado, em que pesquisa questões evolutivas dos corais marítimos associadas às mudanças climáticas, ela já prepara um projeto que está sendo desenvolvido no próprio programa do instituto.
O estudo busca entender a modelagem estatística do novo coronavírus, investigando o volume de informação que se perde quando não se tem testagens em quantidade adequada para a covid-19, visando comparar os resultados alcançados em diversas quantidades de testes em vários locais do globo.
Amanda procura respostas para questões da biologia e ecologia ainda não encontradas pela ciência, uma forma também de representar a ciência brasileira mundo afora.
Aluna da Universidade Federal do Espírito Santo
Outra estudante que veio de escola pública e que participa do programa é Inês Comarella, de 22 anos. Ela cresceu na periferia de Vitória e cursou graduação em biologia na UFES (Universidade Federal do Espírito Santo) e irá cursar mestrado na Unicamp para estudar ecologia.
A estudante também foi selecionada para participar do curso do instituto. Inês teve aulas com o cientista britânico Iain Couzin, diretor do Max Planck Institute of Animal Behavior, na Alemanha, que pesquisa a evolução do comportamento animal.
“É muito importante ter essa experiência com um cientista lá de fora de uma área em que tenho interesse e que eu não teria a oportunidade de conhecer de outra maneira por aqui. Isso ajuda a expandir as nossas perspectivas e sonhar com uma carreira no campo da pesquisa acadêmica mesmo lidando com as várias limitações que existem em fazer ciência no Brasil”, diz Inês.
De acordo com Hugo Aguilaniu, diretor-presidente do Instituto Serrapilheira, mesmo que existam cientistas brasileiros indo para o exterior em busca de melhores oportunidades, diante do cenário desfavorável para a ciência.
Ele enxerga, por outro lado, alguns dos mais importantes pesquisadores internacionais em seus respectivos campos reunidos no curso para formar jovens cientistas no país.
“O objetivo do programa que oferecemos é criar uma geração de profissionais brasileiros e latino-americanos qualificada para pesquisar e trazer respostas para questões biológicas complexas. É estimulante ver como alguns jovens conseguem superar diversos desafios para construir o futuro da pesquisa científica brasileira”, destaca Aguilaniu.
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